São Paulo, domingo, 12 de julho de 2009

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Lucro é pequeno, diz dono de restaurante

DA REPORTAGEM LOCAL

O chef Benny Novak pede que ninguém se iluda com o camarão ao molho bisque de R$ 69 servido no francês Ici Bistrô. Dono também da Tappo Trattoria, ele diz que a margem de lucro é "apertada" e que uma parte da taxa de 10% deve, sim, ajudar a subsidiar louças quebradas ou garfos desaparecidos. Além disso, é contra a incorporação das gorjetas para cálculo, por exemplo, de férias e 13º salário.

 

FOLHA - Como é a distribuição da gorjeta no Ici?
BENNY NOVAK
- Hoje em dia, dos 10% recebidos pela casa, 8% vão para os funcionários e 2% entram para um caixa de quebras e compras, como talheres que somem, louças quebradas.

FOLHA - Como vê o recolhimento de encargo sobre gorjetas?
NOVAK - Isso vai encarecer demais [os pratos] e o maior prejudicado seria o comensal, porque você vai ter que subir o preço no seu cardápio. Não inviabilizaria o serviço, mas encareceria ter que pagar encargo sobre uma gorjeta que, na verdade, não é nem obrigatória. FOLHA

- O sindicato da categoria argumenta que, não havendo cobrança de encargo, garçom se aposenta com padrão bastante inferior ao que tem na ativa.
NOVAK
- São regras que caminham com o restaurante há cem anos. Sempre foi assim. Eu nem sei como faria isso, porque não dá para prever o movimento. Em restaurante, hoje você recebe cem pessoas e, amanhã, recebe 30. Como saber o valor da "caixinha" que a equipe vai receber?

FOLHA - Em caso de aprovação do projeto de lei, como você fará? Reduzirá a margem de lucro?
NOVAK
- O pessoal vê restaurante lotado e acha que o cara [o dono] está milionário, mas trabalhamos com um lucro apertado. Trabalhamos 24 horas por dia, não dá para não ganhar nada. Se a lei entrar em vigor, teremos que fazer cálculos para não onerar o comensal, que é quem mais vai sofrer com isso. A pessoa fala: "Você vende macarrão, que é farinha e água, a R$ 30", mas ela não está olhando para o resto. Só de encargo trabalhista é uma loucura, fora aluguel, insumos... Não posso pegar foie gras, que custa R$ 200 o quilo, e vender uma fatia a R$ 120. A margem de lucro é pequena hoje em dia [para não lesar o cliente].



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