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São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2003

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Para urbanista, falta planejamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Para urbanistas e arquitetos ouvidos pela Folha, a criação de operações urbanas como uma forma de incentivar investimentos privados e desenvolver uma região é um equívoco de planejamento. Baseados nas operações urbanas já existentes, como Faria Lima, Água Espraiada e Água Branca, os pesquisadores afirmam que elas só atraem recursos e saem do papel quando localizadas em áreas já atraentes para o mercado.
Eles defendem também a criação de um planejamento urbanístico para a região, que abriga duas realidades distintas: bairros mais consolidados, com infra-estrutura, e outros localizados no extremo leste, ocupados por conjuntos habitacionais construídos na década de 80.
"É um equívoco achar que operações urbanas são um instrumento para obter recursos financeiros para uma determinada área. O importante é entendê-la como um instrumento urbanístico, com um projeto que defina, por exemplo, quais as atividades mais indicadas para o desenvolvimento da região. E isso ainda não foi feito pela prefeitura. O resultado do projeto dependerá do que for definido para cada operação", explica o arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis.
O pesquisador defende, para os distritos da zona leste, uma política que garanta a habitação para a população que já mora no local. "As operações, se concretizadas, geram uma valorização imobiliária que pode expulsar quem mora lá atualmente, tornando os imóveis mais caros."
Para a arquiteta Mariana Fix, que pesquisou o processo das operações nas avenidas Água Espraiada e Faria Lima, as operações urbanas são uma forma de o setor privado financiar uma valorização do seu próprio mercado.
A arquiteta ressalta também que, para começarem, elas precisam de um investimento inicial do setor público. "As operações acontecem sempre que tem uma grande obra inicial, para ter um atrativo para o setor imobiliário. Se não tiver esse interesse, o mecanismo não funciona."
A mesma opinião é defendida pelo arquiteto Pedro Arantes, que pesquisou as condições de moradia de Cidade Tiradentes, um dos distritos mais carentes da região. Arantes defende que a área precisa de equipamentos públicos e infra-estrutura.
"É importante a criação de empreendimentos que não criem uma subcidade. Não é dar só emprego e casa, é preciso que o planejamento seja baseado não só em empreendimentos imobiliários e na malha viária, mas em educação, saúde e cultura."


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