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Para urbanista, falta planejamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Para urbanistas e arquitetos ouvidos pela Folha, a criação de operações urbanas como uma forma
de incentivar investimentos privados e desenvolver uma região é
um equívoco de planejamento.
Baseados nas operações urbanas
já existentes, como Faria Lima,
Água Espraiada e Água Branca, os
pesquisadores afirmam que elas
só atraem recursos e saem do papel quando localizadas em áreas
já atraentes para o mercado.
Eles defendem também a criação de um planejamento urbanístico para a região, que abriga duas
realidades distintas: bairros mais
consolidados, com infra-estrutura, e outros localizados no extremo leste, ocupados por conjuntos
habitacionais construídos na década de 80.
"É um equívoco achar que operações urbanas são um instrumento para obter recursos financeiros para uma determinada
área. O importante é entendê-la
como um instrumento urbanístico, com um projeto que defina,
por exemplo, quais as atividades
mais indicadas para o desenvolvimento da região. E isso ainda não
foi feito pela prefeitura. O resultado do projeto dependerá do que
for definido para cada operação",
explica o arquiteto e urbanista
Kazuo Nakano, do Instituto Pólis.
O pesquisador defende, para os
distritos da zona leste, uma política que garanta a habitação para a
população que já mora no local.
"As operações, se concretizadas,
geram uma valorização imobiliária que pode expulsar quem mora
lá atualmente, tornando os imóveis mais caros."
Para a arquiteta Mariana Fix,
que pesquisou o processo das
operações nas avenidas Água Espraiada e Faria Lima, as operações urbanas são uma forma de o
setor privado financiar uma valorização do seu próprio mercado.
A arquiteta ressalta também
que, para começarem, elas precisam de um investimento inicial
do setor público. "As operações
acontecem sempre que tem uma
grande obra inicial, para ter um
atrativo para o setor imobiliário.
Se não tiver esse interesse, o mecanismo não funciona."
A mesma opinião é defendida
pelo arquiteto Pedro Arantes, que
pesquisou as condições de moradia de Cidade Tiradentes, um dos
distritos mais carentes da região.
Arantes defende que a área precisa de equipamentos públicos e infra-estrutura.
"É importante a criação de empreendimentos que não criem
uma subcidade. Não é dar só emprego e casa, é preciso que o planejamento seja baseado não só
em empreendimentos imobiliários e na malha viária, mas em
educação, saúde e cultura."
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