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FEBEM
Dez funcionários foram denunciados à Justiça; inspeção do Ministério Público constatou presença de menores com queimaduras
Promotoria vê uso de rojões contra internos
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público denunciou ontem 10 funcionários da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) por maus tratos
com uso de fogos de artifício. Eles
são acusados de ter agredido, no
dia 8 de julho, adolescentes infratores da unidade 27 da Febem Raposo Tavares.
Inspeção da Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude, feita no dia 16 de julho
pelo promotor Enilson Komono,
constatou que pelo menos dez internos da Febem apresentavam
marcas de queimaduras pelo corpo. Eles relataram ter sido atingidos por rojões no pátio.
Segundo depoimentos colhidos
pela Promotoria, os internos teriam sido atacados pelo grupo de
apoio da unidade (que atua em
distúrbios e rebeliões) conhecido
como "choquinho" -por conta
da vestimenta e dos equipamentos semelhantes aos da tropa de
choque da Polícia Militar.
Após receber denúncias de pais
de adolescentes infratores de que
os garotos haviam sido atacados
com rojões, a Promotoria fez uma
visita de inspeção na unidade,
acompanhada por médicos legistas, e encontrou os internos com
queimaduras graves pelo corpo.
Os laudos dos legistas identificaram, em pelo menos dois casos,
queimaduras provocadas por explosivos.
"É uma prova técnica forte somada ao histórico de tortura com
explosivos", explica o promotor
da infância e da juventude Wilson
Tafner. Em 2000, após denúncia, a
Promotoria encontrou rojões já
detonados numa das celas dos internos na unidade Parelheiros da
Febem, já desativada.
De acordo com a Promotoria,
desde 2001 foram feitas 14 denúncias contra mais de 170 funcionários e ex-funcionários por tortura.
Ainda ontem, o Movimento Nacional de Direitos Humanos pediu ao presidente da Febem, Marcos Monteiro, que afaste os funcionários da unidade 27 da Febem
Raposo Tavares, onde ocorreram
as denúncias, para garantir a isenção das investigações.
Outro lado
Monteiro disse estar absolutamente surpreso com o suposto
uso de rojões contra adolescentes
infratores. "É a primeira denúncia
dessa natureza que eu recebo.
Não vamos compactuar com esse
tipo de coisa. Não há sentido algum em haver rojões dentro de
uma unidade da Febem."
Segundo Monteiro, a administração da Febem pediu exames de
corpo delito próprios e aguardará
seus resultados, que devem sair
em 30 dias.
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