São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Menino, que ficava sob a guarda da tia durante o dia, teria sido agredido pelo namorado dela

Criança de 4 anos é espancada até a morte

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

JOÃO PEQUENO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um garoto de 4 anos foi espancado até a morte na casa da tia, na favela Baixa do Sapateiro, do Complexo da Maré, zona norte do Rio, segundo a Polícia.
Juan Duarte Farias Camilo ficava sob a responsabilidade de uma tia, de 18 anos, durante o dia, quando a mãe trabalhava em um supermercado em Duque de Caxias. O namorado da tia, de 29 anos, foi preso e autuado sob acusação de homicídio na 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso).
Aos policiais, a tia acusou o namorado pela morte do garoto. Segundo essa versão, ele teria dado um banho frio e espancado a criança por ela ter urinado na cama do casal, pela manhã.
A tia disse que, poucas horas depois, foi ao mercado e, quando voltou, viu o namorado espancando-o novamente.
Segundo depoimento recolhido pela polícia, antes de bater em Juan, o rapaz teria gritado que estava "cansado de limpar cocô nas calças". A mulher disse aos policiais que ajudou o namorado, mas alegou ter dado "apenas uns tapinhas".
No hospital, a tia de Juan tentou dar duas versões diferentes para a morte do sobrinho. Primeiramente, disse que o menino havia passado mal por ter comido algo estragado. Depois, afirmou que ele havia caído na escada.
Juan chegou ao Hospital Geral de Bonsucesso às 15h07, com parada cardiorrespiratória, hematomas por todo o corpo, inclusive na altura dos rins e dos pulmões, e um corte de três centímetros na testa. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas não conseguiram. Morreu dez minutos depois.
Depois da morte do sobrinho, a tia admitiu, segundo policiais de plantão no hospital, o espancamento. O rapaz, que havia voltado para casa, foi chamado de volta ao hospital, sob a alegação de que a mulher estaria sem dinheiro para o ônibus. Então foi preso. Os policiais precisaram isolá-lo para que não fosse linchado.
Na 21ª DP, segundo a polícia, o rapaz admitiu ser traficante na Baixa do Sapateiro, mas disse que a mulher é quem teria espancado o sobrinho. Ela, entretanto, foi arrolada apenas como testemunha pelo delegado Jáder Amaral.


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