São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EDUCAÇÃO SUPERIOR

Ministro apóia proposta de deputados paulistas de reservar vagas na USP, na Unesp e na Unicamp

Tarso prega cota de vagas nas estaduais de SP

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Educação, Tarso Genro, afirmou ontem apoiar o projeto de lei de deputados estaduais de São Paulo que pretende instituir um sistema de reserva de vagas nas universidades estaduais paulistas -USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
A proposta, concluída ontem, foi anunciada na Assembléia Legislativa de São Paulo durante palestra de Tarso sobre a democratização do acesso à universidade e foi aplaudida por integrantes do MSU (Movimento dos Sem Universidade) e da ONG Educafro, que promove cursos pré-vestibulares para jovens negros -as duas são engajadas na luta por cotas nas estaduais paulistas. "É uma política correta de promoção da coesão social", disse Tarso.
O projeto segue os moldes da proposta do MEC para a reforma universitária: define a reserva de 50% das vagas nas universidades estaduais paulistas para estudantes da escola pública e, dentro desse percentual, de 30% das vagas para afrodescendentes, de acordo com o percentual de negros e de pardos no total da população do Estado de São Paulo. O projeto teria validade definida de 10 anos.
O deputado Cândido Vacarezza, líder do PT na assembléia, afirmou que a intenção foi a de unificar os vários projetos de cotas raciais e de reserva de vagas para estudantes da rede pública que já circulavam na Assembléia. "Devemos protocolar o projeto na terça-feira com as assinaturas de 30 deputados."
Vacarezza afirma que o projeto tem também a intenção declarada de promover a procura pelas escolas públicas -já que seus estudantes terão cotas reservadas no vestibular-, fortalecendo a rede pública de ensino no Estado.
O reitor da USP, Adolpho José Melfi, que tem se posicionado contrariamente a sistemas de cotas, reiterou ser favorável a ações afirmativas como forma de ampliação do acesso à universidade, mas destacou que precisa primeiro conhecer o projeto para comentá-lo. "As estaduais paulistas têm autonomia, mas estão sintonizadas com os problemas sociais. Precisamos ser convencidos de que isso é uma medida transitória e de como o sistema será operado. Trata-se de um assunto que precisa ser pensado em profundidade."


Texto Anterior: Olimpíada: Aluno brasileiro leva ouro em matemática
Próximo Texto: Vaias da UNE calam ministro durante palestra
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.