DA REVISTA DA FOLHA

"Na hora de brincar, eu gosto de descer no térreo. Ainda não sei ir sozinho. Então, meu pai pega a minha mão, aperta o botão do elevador e me leva. Lá embaixo, ele me ajuda a vestir a roupa de super-herói. Tenho a do Batman, a do Super-Homem, a do Homem-Aranha e a do Power Rangers. Cada dia eu gosto de brincar com uma diferente. Meu pai é grandão e forte. Quando a gente luta de espadas, eu sempre ganho.
Nas férias, viajei pela primeira vez sem a minha mãe. Fui com o meu pai. Era aniversário de cem anos da minha bisa Marieta, lá na Bahia. Meu pai morava na Bahia antes de mudar para São Paulo. Eu nem chorei porque a minha mãe não foi.
Meu pai me levou para a praia para a gente brincar na areia. Eu não gostava de entrar na água, mas o meu pai pegou minhas duas mãos, me levou no mar e me ensinou a mergulhar. Agora, ponho a minha cara toda dentro da água.
Eu não queria brincar de tirolesa porque era muito alto e tinha um rio lá embaixo. Meu pai disse que eu não precisava chorar nem ficar com medo. A gente não ia cair. Ele pulou na minha frente. Aí eu perdi o medo e fui atrás.
Na minha casa, subo em cima da cabeça do meu pai e fico bem alto. Consigo derrubar o meu pai da cama e do sofá. Mas ele não se machuca, no chão tem um almofadão.

Medo de escuro
Eu tinha medo de ficar no escuro. Daí, antes de dormir, meu pai me conta um monte de historinhas. Tem uma árvore que dá pra ver da minha janela. É lá que mora um monstro de oito cabeças. Mas ele não me pega. É do bem.
Prometi para o meu pai que não vou mais pedir para dormir na cama dele e da minha mãe. Também não faço mais xixi na cama. Como meu pai me ensinou."