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Para guia inglês, brasileiro abusa de decote e atraso
Cartilha editada pelo governo britânico também diz que turistas do Brasil costumam interromper conversas
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO
Brasileiros têm uma "noção de espaço pessoal menor
do que outras culturas", sempre chegam atrasados, vestem-se de maneira provocativa para qualquer ocasião, interrompem as conversas a todo instante e costumam dar
beijos e abraços indiscriminadamente.
Essa versão, cheia de estereótipos e generalizações, foi
divulgada nesta semana pela
agência nacional de turismo
do Reino Unido, que preparou um guia de etiqueta para
que os ingleses aprendam a
recepcionar bem os turistas
estrangeiros para a Olimpíada de 2012.
O guia diz ainda que os
brasileiros jamais devem ser
questionados sobre informações pessoais, como idade,
salário e estado civil.
"Essa visão até pode ser
procedente, mas a maneira
como foi colocada foi muito
grosseira. O problema não
está no que o livro diz, não
mentiram em nada. Agora, a
maneira como colocaram foi
ríspida", diz o consultor de
etiqueta Fábio Arruda.
PROTESTOS
A publicação, que inclui
dezenas de outros países em
sua lista de dicas, causou repúdio e indignação em todo
o mundo, com repercussão
tantos nos jornais britânicos
quanto nas publicações dos
países citados.
Sobre os argentinos, o guia
diz que são pavio curto e não
têm senso de humor.
Malvinas, política, religião
ou o Brasil, "seu maior rival",
são assuntos proibidos durante conversas com o povo
da Argentina, ensina o livro
britânico.
Nem o Itamaraty nem a
Embaixada do Reino Unido
em Brasília comentaram as
afirmações do guia.
A agência inglesa "Visit
Britain", que mantém representação em São Paulo, informou que o gerente do escritório no Brasil, Robin
Johnson, está em Londres
atualmente e não poderia falar à Folha ontem.
"As coisas podem e devem
ser ditas, a maneira é como.
Esse guia me parece um soco
no estômago. Seria a mesma
coisa de dizer que os ingleses
são devassos e não têm preocupação com a aparência dos
dentes", afirma o consultor
de etiqueta.
Colaboraram GERMANO ASSAD e LÍVIA SCATENA , de São Paulo
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