|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polícia "recolhe" aluno que faltar a aula
Justiça de Fernandópolis (SP) autoriza policiais e conselheiros a abordar crianças e adolescentes fora da escola
Medida vale para outras 3 cidades da região; pais serão notificados e até podem ser multados em caso de reincidência
FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO
Uma das pioneiras na adoção do "toque de recolher" à
noite para adolescentes, a cidade de Fernandópolis (553
km de SP) agora fiscalizará
também alunos que ficam fora da escola no horário das
aulas, mesmo durante o dia.
A medida pretende evitar a
evasão em escolas públicas e
privadas e vale para outras
três cidades da região: Meridiano, Macedônia e Pedranópolis. Cerca de 15 mil alunos
serão afetados.
Policiais militares e civis e
conselheiros tutelares possuem agora mandados judiciais para abordar crianças e
adolescentes.
De acordo com o juiz Evandro Pelarin, da Vara da Infância e da Juventude, o foco inicial serão LAN houses, praças e barzinhos.
Apresentada anteontem
em audiência pública, a medida já entrou em vigor por
meio de uma portaria da Justiça local. Ontem, um garoto
de 15 anos foi encontrado em
uma LAN house no horário
letivo -foi o primeiro caso.
Segundo o juiz, as autoridades apenas vão conversar
com o jovem e entrar em contato com a escola para checar
o período em que ele estuda.
Se comprovada a falta, o
estudante será convidado a ir
à escola, acompanhado de
um conselheiro. Os pais serão notificados.
Cada caso será analisado
individualmente. "Precisamos primeiro saber a causa
[da ausência]", diz Pelarin.
Se o estudante for reincidente, os responsáveis podem receber multas de até 20
salários mínimos.
APROVAÇÃO
Pelarin diz que a iniciativa
começou com um inquérito
em 2009, depois que escolas
apontaram alunos que "decretam feriado entre eles".
O diretor da Escola Estadual Saturnino Leão Arroyo,
Carlos Cabral, afirmou que já
tentou "todos os mecanismos" para solucionar o problema: conversar com o estudante e com os pais, mandar
ofício à família e encaminhar
ao Conselho Tutelar.
Segundo ele, uma funcionária chegou a ir até a casa de
duas irmãs e deparou-se com
as meninas brincando no horário das aulas, em companhia da mãe.
Para Adélia Menezes da
Silva, dirigente estadual de
ensino na região, o trabalho
integra órgãos para proteger
os jovens. Mas diz que o índice de evasão escolar é "normal" nessas cidades.
O toque de recolher entrou
em vigor na cidade em 2005.
A iniciativa é alvo de críticas
do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que entende que a medida pode ferir direitos.
Texto Anterior: Disputa entre SP e PR deve atrasar júri do caso Glauco Próximo Texto: Caso Mércia: Telefonema de ex é nova prova contra Mizael, diz polícia Índice
|