São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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Fui expulso e ameaçado de morte, diz texto

"Sou Jorginho e gostaria de relatar a vocês o que vem acontecendo na comunidade na qual eu presido. Desde o dia 5 de novembro de 2006 que nossa comunidade está sendo dizimada. Um grupo de extermínio composto por cinco policiais militares invadiu com seus colaboradores a comunidade e desde então vivemos uma verdadeira ditadura. Nesses quase nove meses de ocupação de nossa comunidade tenho contabilizado cerca de 200 mortos, e as famílias dos mesmos não têm a quem reclamar. Isso porque tanto a 22ª DP [Delegacia de Polícia] quanto o 16º BPM (Batalhão de Polícia Militar) são omissos, e todo o poder público protege esse grupo de extermínio denominado "milícia", tanto que venho a todo esse tempo informando-os, mas sem sucesso algum. Só para você ter uma noção menores são espancados diariamente, a associação não pertence mais aos moradores, taxas são cobradas aos comerciantes e empresários locais e moradores e o não-pagamento de tais taxas implica até em ameaças de morte. Já informei a Comissão de Direitos Humanos da Alerj [Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro], a Corregedoria Interna da Pmerj [Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro], a Corregedoria Geral Unificada das Polícias, a Secretaria de Segurança Pública, ao Ministério Público do Estado, a 1ª DJPM [Delegacia Judiciário da PM], ao 16º BPM (coronel Marcos Jardim), a 22ª DP (dr. Alcides Iantorno de Jesus) e a vários deputados estaduais, mas sem sucesso. Inclusive pedi a esses deputados que endossem meus pedidos de policiamento ostensivo na comunidade para guardar-nos tanto do grupo de extermínio quanto dos traficantes, que sempre vêm à comunidade para tentar retomá-la, mas nada acontece. No dia 5 de abril de 2007 fui expulso de minha comunidade com direito até a ameaça de morte, informei isso a todo o poder público, mas nada aconteceu a esse grupo de extermínio (eu e minha família é que tivemos nossa dignidade privada por esses marginais pagos pelo Estado para matar, seqüestrar, extorquir, espancar e fazer toda sorte de maldade contra a população). Já não agüentamos mais o descaso das autoridades que com sua corrupção estão dizimando as comunidades carentes para mostrar ao mundo exterior a aparente segurança com o intuito de promover o turismo quando os verdadeiros donos do Estado, ou seja, a população, não tem estrutura alguma."


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