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"Só perguntei se ele sofreria", diz viúva de doador
DA AGÊNCIA FOLHA
Quando via na TV histórias
de pessoas à espera de doador
para continuar a viver, o policial militar Alan Lad, de Florianópolis, ficava sensibilizado e
avisava à família: "Se um dia
acontecer algo comigo, podem
doar todos os meus órgãos".
Esse dia parecia distante. Segundo a mulher, Marli Aparecida, 40, Lad era "saudável e sem
problemas de saúde".
Até que, aos 45 anos, complicações resultantes de um aneurisma cerebral o levaram a um
coma. "Foi tudo muito rápido",
conta ela. Lad morreu em abril.
Aparecida foi informada ainda no hospital sobre a morte cerebral do marido. Questionada
pelo médico se autorizava a retirada dos órgãos para doações,
consentiu em um instante. Coração, pâncreas, pulmões, rins
e córneas de Lad foram doados.
"Só perguntei se ele sofreria e
me disseram que não, que ele
seria anestesiado. Ele teria só
mais duas horas de vida."
Pouco depois, uma paciente
de Blumenau (SC) foi transferida para a capital para receber o
coração do policial.
"Dias depois fui com meu filho conhecê-la. Vi em uma tela
o coração do meu marido batendo e, quando a abracei, senti
que ele estava vivo", conta. "Ela
disse que se sentia como um
guri, que era como meu marido
era. E disse que era como se já
conhecesse a mim e a meu filho", diz Aparecida, que completa: "Se [os órgãos] não forem
doados, vão apodrecer, não vão
servir para nada."
(MP E TR)
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