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"Meu sofrimento não é público", diz avó de garoto
DA ENVIADA A ANHANDUÍ
Ela descobriu que a filha
podia estar morta e que era
avó por um programa de tevê. Fazia quase um ano que
não falava com Eliza Samudio. A seguir, Sônia Moura
comenta a tempestuosa relação com a filha e o crime.
Por que a senhora diz merecer a guarda de Bruninho?
SÔNIA MOURA - O que faz a
diferença é ter uma família.
Aqui, ele está cercado de
gente que o ama. Para ser um
adulto estruturado é preciso
ter formação familiar.
Como poderia dar isso a ele?
Sou melhor avó para o
Bruninho do que fui mãe para a Eliza. Estou mais madura, paciente. Quando se é jovem, se age mais por impulso. Estou mais estruturada e
tenho um companheiro maravilhoso que me apoia.
E se perder a guarda para o
seu ex-marido?
Isso me tira o sono. Não
quero culpar ninguém, mas
se Eliza tivesse sido mais vigiada, os fatos não teriam
acontecido como aconteceram. Ficar sem o Bruninho
seria a morte. Mais uma [chora]. Só continuo de pé porque
ele está comigo e me dá força
para ir atrás de Justiça. Não
quero que ele cresça e me diga: "Vó, mataram minha
mãe e você não fez nada".
A senhora abandonou Eliza?
Não. Vou esclarecer isso
no processo. Mãe que abandona filha não amamenta até
os nove meses, como eu fiz. O
pai dela era agressivo. Depois da separação, a maneira
de ele me punir foi tirando o
convívio com minha filha.
Não perdi a guarda dela. Foi
uma questão de força, de
coação. Medo. Minha filha viveu exatamente aquilo que
eu vivi, mas com uma diferença. Eu recuei, ela foi pra
cima. Eliza não tinha medo,
que é uma defesa. Ela deu o
sangue pelo filho dela.
A senhora é uma pessoa fria?
A minha dor não é pública
[chora]. As pessoas que me
conhecem sabem que eu
amava minha filha e que não
sou insensível. O sofrimento
meu é aqui ó [aponta para o
coração]. É na alma. Emagreci 13 kg nesse período.
O que diria ao Bruno se ficasse cara a cara com ele?
Gostaria de saber o que
eles fizeram com a minha filha. Só Deus sabe se eu teria
forças para ficar frente a frente com ele e com o Macarrão.
Queria olhar nos olhos deles
e perguntar por que tanta covardia com uma mulher indefesa e uma criança. E ainda tem o machismo. Os advogados deles disseram que ela
era Maria Chuteira, atriz pornô. Minha filha não era santa, mas era um ser humano.
Nada justifica o que fizeram.
Como é o seu luto?
Enquanto não me apresentarem o corpo dizendo essa aqui é sua filha, não vou
acreditar. Tenho esperança
de que Eliza possa ter fugido
ou tenha recebido uma pancada na cabeça e esteja com
amnésia. Quando me ponho
no lugar dela, é um sofrimento. Eles usaram a criança para fazer tortura psicológica.
Bruninho tem essa memória.
Queria ter um aparelho para
pôr na cabecinha dele, ver tudo o que ele viu e apagar.
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