|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Indicadores estão melhorando desde 1999, mas continuam acima da média
Mortalidade infantil vem diminuindo nas aldeias
DO ENVIADO ESPECIAL A DOURADOS
A saúde do índio vai mal e os
números mostram que, em comparação com a população branca,
os indígenas são mais afetados
por mortalidade infantil, desnutrição e tuberculose, por exemplo.
Mas os indicadores estão melhorando desde 1999, quando o governo federal, por meio da Funasa
(Fundação Nacional de Saúde),
começou a atuar em 34 distritos
em todo o país.
Em 1999, a mortalidade infantil
entre os índios atingia 140 por mil
nascimentos. Esse índice foi reduzido a 57,2 em 2001, enquanto no
Brasil, entre a população em geral, a média era de 31,7. Em Mato
Grosso do Sul, no ano passado, a
média atingiu 48,3 e, no Brasil,
não chegou a 30.
Um dos fatores que levam à
morte de crianças com menos de
cinco anos de idade é a desnutrição. Enquanto no Brasil a taxa está em cerca de 15%, entre a população indígena ela é o dobro.
A supervisora de enfermagem
Érika Kaneta Ferri, da Funasa, enquanto caminha pela aldeia bororó, vai identificando o problema.
"As crianças desnutridas têm o
cabelo mais claro, a barriga mais
avolumada, e falta brilho no
olhar." A aldeia tinha, em julho,
270 desnutridos graves. Quando o
caso é extremo, a criança é encaminhada ao centro de recuperação mantido pela Missão Evangélica Caioá, da igreja Presbiteriana,
em parceria com a Funasa.
A criança permanece no local
até ganhar o peso ideal. Depois,
volta para casa, onde tornará a
conviver com a falta de comida.
Não é incomum o regresso ao
centro.
Para tentar amenizar os efeitos
da fome, os agentes da Funasa em
Mato Grosso do Sul começaram a
difundir um sopão, feito pelos
próprios indígenas. A idéia principal do sopão, explica Ferri, é
atrair famílias para que tenham
informações sobre higiene, doenças e formas de aproveitamento
de alimentos.
No início, a iniciativa foi vista
com desconfiança. Os índios tinham o sopão como comida para
animais. Pouco a pouco, graças a
persistência dos monitores, o preconceito foi sendo quebrado.
Atualmente, no dia em que há a
atividade, vizinhos se juntam em
uma casa, levam alimentos que
têm disponíveis, principalmente
verduras e legumes, e fazem fila
para a refeição.
"Aqui temos de improvisar
criativamente para não ofender a
cultura deles e, ao mesmo tempo,
procurar levar mais saúde às aldeias", afirma Ferri.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Perda da terra desestrutura família Índice
|