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Perda da terra desestrutura família
DO ENVIADO ESPECIAL A DOURADOS
O confinamento das populações indígenas em áreas reduzidas, principalmente naquelas localizadas próximas a centros urbanos, como é o caso das etnias
guarani-kaiowa, alimenta a desestruturação familiar, o suicídio e
problemas de saúde como o alcoolismo e as doenças sexualmente transmissíveis.
A constatação é do professor
Antônio Brand, coordenador do
programa Kaiowa da Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande (MS), que há mais de
20 anos trabalha com os índios de
Mato Grosso do Sul. "A questão
de fundo ainda é a terra."
Em Dourados, a reserva de
3.600 hectares é cortada por duas
estradas. No local vivem mais de
10 mil pessoas, o que dá quase três
pessoas por hectare. Em Caarapó,
outra reserva de Mato Grosso do
Sul, nos mesmos 3.600 hectares
vivem cerca de 2.700 pessoas.
Em Sidrolândia (70 km de Campo Grande), os terena lutam pelo
reconhecimento de 17.200 hectares. Eles vivem em uma área de
2.100 hectares. A questão está na
Justiça Federal há dois anos. O cacique Ageu Lourenço Reginaldo,
40, diz que não quer confronto,
mas o que lhes é "de direito". Jorge Vieira, do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), enfatiza
que a base do problema é a perda
do território original.
Como consequência da falta de
terra para plantar e sobreviver, os
homens vão trabalhar nas usinas
de cana-de-açúcar, distantes,
muitas vezes, 200 km de casa. Permanecem por cerca de dois meses, tempo suficiente para adquirir hábitos de brancos, como o
contato com prostitutas.
"Isso favorece a quebra das relações entre homem e mulher, o
que provoca uma procura de contato com outra clientela, muitas
vezes portadora de doenças."
Brand observa que a cultura do
índio não tem a carga moral da
branca, por isso, é mais suscetível.
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