São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cúmplice de Abadía quer mudar de presídio

Defesa de Daniel Maróstica, que acusa policiais de extorquirem o megatraficante, pediu transferência para sede da PF

Para advogado, não é "hipótese absurda imaginar que algum policial queira entrar" na cadeia atual, que é estadual, para ameaçá-lo

MARIO CESAR CARVALHO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Julio Clímaco Jr., advogado de Daniel Maróstica, um dos principais comparsas do megatraficante Juan Carlos Ramírez Abadía, pediu a transferência de seu cliente para outro presídio "por razões de segurança".
Foi Maróstica quem relatou à Polícia Federal, ao Ministério Público Estadual e à Corregedoria da Polícia Civil três casos de extorsão contra Abadía praticado por policiais civis.
Maróstica está no CDP 2 (Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos, na Grande São Paulo, para onde vão todos os presos da Justiça Federal antes de serem julgados.
Clímaco Jr. acha mais seguro que ele fique na custódia da PF na Lapa (zona oeste). O pedido de transferência tem o apoio da procuradora da República Thaméa Danelon Valiengo.
"O presídio que o Daniel está pertence ao Estado e não é uma hipótese absurda imaginar que algum policial queira entrar lá para ameaçá-lo", afirmou.
Maróstica não sofreu nenhum tipo de ameaça até agora, segundo Clímaco Jr. O empresário é a principal testemunha contra policiais do Denarc (a delegacia de narcóticos). Ele afirmou à PF ter participado diretamente na negociação de três casos de extorsão -dois deles teriam sido praticados mediante seqüestro.
Maróstica diz ter sido ele quem entregou o resgate de US$ 280 mil (cerca de R$ 530 mil) para que policiais do Denarc libertassem o venezuelano Henry Edval Lagos. O dinheiro, disse o empresário, foi dado por Abadía. Lagos era o principal aliado de Abadía desde que ele chegou ao Brasil em 2004. O caso teria ocorrido no ano passado. Segundo o Abadía, Lagos ficou tão assustado que deixou o país após o seqüestro.
A própria mulher de Maróstica, Ana Maria Stein, também foi levada para o Denarc sem que a polícia tivesse qualquer acusação concreta contra ela.
O empresário não fala em valores no depoimento que deu, mas Abadía já comentou que teve de pagar US$ 800 mil (R$ 1,5 milhão) para libertá-la. O traficante teria entregue aos policiais um jipe da Toyota.


Texto Anterior: Na véspera do feriado, SP tem o 3º maior trânsito do ano
Próximo Texto: Violência: Motorista da Editora Abril é morto com tiro em Pinheiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.