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Cúmplice de Abadía quer mudar de presídio
Defesa de Daniel Maróstica, que acusa policiais de extorquirem o megatraficante, pediu transferência para sede da PF
Para advogado, não é "hipótese absurda imaginar que algum policial queira entrar" na cadeia atual, que é estadual, para ameaçá-lo
MARIO CESAR CARVALHO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Julio Clímaco Jr., advogado
de Daniel Maróstica, um dos
principais comparsas do megatraficante Juan Carlos Ramírez
Abadía, pediu a transferência
de seu cliente para outro presídio "por razões de segurança".
Foi Maróstica quem relatou
à Polícia Federal, ao Ministério
Público Estadual e à Corregedoria da Polícia Civil três casos
de extorsão contra Abadía praticado por policiais civis.
Maróstica está no CDP 2
(Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos, na Grande
São Paulo, para onde vão todos
os presos da Justiça Federal
antes de serem julgados.
Clímaco Jr. acha mais seguro
que ele fique na custódia da PF
na Lapa (zona oeste). O pedido
de transferência tem o apoio da
procuradora da República Thaméa Danelon Valiengo.
"O presídio que o Daniel está
pertence ao Estado e não é uma
hipótese absurda imaginar que
algum policial queira entrar lá
para ameaçá-lo", afirmou.
Maróstica não sofreu nenhum tipo de ameaça até agora,
segundo Clímaco Jr. O empresário é a principal testemunha
contra policiais do Denarc (a
delegacia de narcóticos). Ele
afirmou à PF ter participado diretamente na negociação de
três casos de extorsão -dois
deles teriam sido praticados
mediante seqüestro.
Maróstica diz ter sido ele
quem entregou o resgate de
US$ 280 mil (cerca de R$ 530
mil) para que policiais do Denarc libertassem o venezuelano Henry Edval Lagos. O dinheiro, disse o empresário, foi
dado por Abadía. Lagos era o
principal aliado de Abadía desde que ele chegou ao Brasil em
2004. O caso teria ocorrido no
ano passado. Segundo o Abadía,
Lagos ficou tão assustado que
deixou o país após o seqüestro.
A própria mulher de Maróstica, Ana Maria Stein, também
foi levada para o Denarc sem
que a polícia tivesse qualquer
acusação concreta contra ela.
O empresário não fala em valores no depoimento que deu,
mas Abadía já comentou que
teve de pagar US$ 800 mil (R$
1,5 milhão) para libertá-la. O
traficante teria entregue aos
policiais um jipe da Toyota.
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