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Captação de órgãos atinge melhor marca em 10 anos
No 1º semestre, de cada 5 operações, 4 renderam mais de um órgão para transplante; índice "ótimo" é de 3,5 órgãos retirados por doador
MATHEUS PICHONELLI
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Apesar de o número de doações ainda ser considerado baixo no país -principalmente
devido à falta de notificação dos
casos de morte encefálica-, a
captação de órgãos tem melhorado significativamente.
No primeiro semestre, de cada cinco operações de retirada,
quatro renderam mais de um
órgão apto a transplante
(81,9%). É a melhor marca dos
últimos dez anos.
Em 1998, no mesmo período,
a retirada múltipla de órgãos
ocorreu em 60,7% dos casos,
segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).
De janeiro a junho, foi aproveitado mais de um órgão de
494 dos 603 doadores do país.
Para Valter Duro Garcia, presidente da ABTO, é um indicativo da maior organização das
equipes de transplantes do
país, que estão equipadas para
realizar a retirada de órgãos como coração e fígado. "Antigamente, a maioria dos Estados
só fazia transplante de rim, que
é mais estudado", diz.
Estados da região Nordeste
-que passaram a fazer transplantes de coração e de órgãos
como fígado- ajudaram a melhorar a captação, segundo ele.
Padrão espanhol
Para Garcia, o índice de remoção múltipla de órgãos pode
ser considerado "ótimo" quando há 3,5 órgãos retirados por
doador, como na Espanha.
O Brasil está próximo de
atingir três órgãos por doador.
Cinco Estados conseguiram
fazer retirada múltipla de órgãos em todos os doadores (AL,
BA, MA, PB e RS) até junho
deste ano. Na Bahia, foram 25
operações com sucesso.
O caso do Rio Grande do Sul é
ainda mais emblemático: todos
os 72 procedimentos de captação acabaram com mais de um
órgão apto a transplante.
O Estado -que teve a primeira central de transplante de órgãos do Brasil- conta com 50
equipes de captação e 46 de
transplantes.
"Temos um bom índice de
doação por milhão de habitantes, mas a meta é que nosso índice seja próximo ao da Espanha. Temos uma estrutura,
com 1.500 leitos de UTI [Unidade de Terapia Intensiva],
proporcionalmente a maior do
país, e tradição em doações",
afirma o secretário estadual da
Saúde, Osmar Terra.
Hoje, Rio Grande do Sul e São
Paulo são os únicos Estados do
país onde equipes fazem regularmente transplantes de pulmão, um dos procedimentos
mais complexos para doação.
Pior Estado
Já Goiás teve a pior marca: só
uma das sete doações rendeu
mais de um órgão captado.
Para Claudemiro Quireze Júnior, coordenador da Central
de Transplantes do Estado, um
dos problemas é que não há,
por exemplo, equipe para captação e transplante de fígado.
"Nesses casos, é preciso chamar equipes de outros Estados.
Com a demora, muitas famílias
ameaçam não autorizar a retirada de qualquer órgão. E, então, a gente aborta essa tentativa [da retirada múltipla]."
Segundo ele, há necessidade
de uma política de transplantes
que favoreça a logística no Estado do Centro-Oeste.
De janeiro a junho, foram feitos, em todo o Brasil, 533 transplantes de fígado, 93 de coração, 74 de pâncreas, 25 de pulmão e 1.780 de rins.
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