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GLÓRIA MORAES DETZORTZIS (1939-2008)
Do início ao fim, cantora de Juscelino
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Fosse Dolores Duran num
frêmito de melancolia ou
Tom Jobim, poesia e violão,
Glória Moraes cantaria com
a mesma explosão que um
dia se viu no palco do programa de calouros de Ary Barroso, no Rio dos anos 50. Dali
em diante, viveria de música
até o fim mesmo de seus dias.
Glória Moraes nasceu carioca da praia do Botafogo e
cedo começou a trabalhar
como doméstica na casa da
madrinha de criação -pai e
mãe morreram em um acidente. Com Barroso, foi descoberta. Já em 1960, estreava
na Rádio Nacional e cantava
na recém-inaugurada capital
do país. Assim, dizem, foi a
primeira cantora de Brasília.
"Cantava em várias festas
a que ia o presidente Juscelino Kubitschek", conta a filha; além de inaugurações e
posses de toda natureza.
Sempre maquiada, de echarpe e colar no pescoço (baixinha e gordinha, sabia subir
nos saltos), "virou a cantora
do Juscelino". Mas fez a carreira de fato nos palcos da capital, cantando de bossa a bolero, nos bares e boates da
noite. "Sua voz era um misto
de Elis Regina e Leny Andrade", diz a filha. "Mamãe fazia
todo mundo chorar."
Ela foi, ainda, por uma década, presidente da Ordem
dos Músicos do Distrito Federal. Mas não deixou de
cantar. Deixou duas filhas e
cinco netos ao morrer, na
terça, de derrame, aos 69,
dias após subir ao palco pela
última vez. Foi para cantar
Aristeu Pires com a filha.
"Mamãe era um passarinho,
só abria a boca pra cantar."
obituario@folhasp.com.br
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