São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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GLÓRIA MORAES DETZORTZIS (1939-2008)

Do início ao fim, cantora de Juscelino

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Fosse Dolores Duran num frêmito de melancolia ou Tom Jobim, poesia e violão, Glória Moraes cantaria com a mesma explosão que um dia se viu no palco do programa de calouros de Ary Barroso, no Rio dos anos 50. Dali em diante, viveria de música até o fim mesmo de seus dias.
Glória Moraes nasceu carioca da praia do Botafogo e cedo começou a trabalhar como doméstica na casa da madrinha de criação -pai e mãe morreram em um acidente. Com Barroso, foi descoberta. Já em 1960, estreava na Rádio Nacional e cantava na recém-inaugurada capital do país. Assim, dizem, foi a primeira cantora de Brasília.
"Cantava em várias festas a que ia o presidente Juscelino Kubitschek", conta a filha; além de inaugurações e posses de toda natureza. Sempre maquiada, de echarpe e colar no pescoço (baixinha e gordinha, sabia subir nos saltos), "virou a cantora do Juscelino". Mas fez a carreira de fato nos palcos da capital, cantando de bossa a bolero, nos bares e boates da noite. "Sua voz era um misto de Elis Regina e Leny Andrade", diz a filha. "Mamãe fazia todo mundo chorar."
Ela foi, ainda, por uma década, presidente da Ordem dos Músicos do Distrito Federal. Mas não deixou de cantar. Deixou duas filhas e cinco netos ao morrer, na terça, de derrame, aos 69, dias após subir ao palco pela última vez. Foi para cantar Aristeu Pires com a filha. "Mamãe era um passarinho, só abria a boca pra cantar."

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