São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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CRIME NO BROOKLIN

Em depoimento, Daniel Cravinhos de Paula e Silva disse que ele e Suzane pensaram na herança ao planejar mortes

Namorado diz que idéia de matar foi dele

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, afirmou, na polícia, que foi ele que teve a idéia de matar Marísia e Manfred Richthofen e convenceu Suzane Louise, 19, filha do casal e namorada dele, a participar do assassinato. Enquanto ela fala que o crime foi por amor, ele afirma que os dois também pensaram na herança da família.
O casal foi morto a pancadas no dia 30 de outubro enquanto dormia, na casa da família, no Brooklin (zona sul de São Paulo). Suzane, Daniel e o irmão dele, Cristian Cravinhos de Paula e Silva, 26, confessaram o crime.
No depoimento ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), na sexta-feira pela manhã, Daniel assumiu a autoria da idéia do assassinato e disse que Suzane tinha dúvidas de que o plano desse certo.
"[Daniel] informa que dava a entender que a solução para ambos seria matar os pais dela e aguardou que ele se manifestasse. Suzane lhe perguntou se poderia dar tudo certo e também não sabia como iria ficar o seu estado psicológico após a prática do crime", diz o depoimento de Daniel.
Ele contou aos policiais sobre a proibição do namoro com Suzane, mas disse que os dois também pensaram no dinheiro da família. "[Daniel] informa que no momento em que o crime estava sendo planejado, ele e Suzane pensaram na herança que esta iria receber", relata o texto do interrogatório assinado por ele.
Em seu depoimento, Suzane "alega não saber ao certo quem teve a idéia" do crime. Mas confirmou que Daniel conseguiu convencê-la. "A interrogada informa que, do modo como foi planejado o crime, jamais imaginavam que o crime iria ser descoberto, pois estavam muito confiantes", diz o interrogatório.
Suzane contou que os problemas que culminaram na morte de seus pais começaram em maio deste ano. Segundo ela, foi a partir daí que a mãe, Marísia, passou a "implicar" com Daniel "sem mais nem menos".
A jovem chegou a narrar aos policiais discussões com os pais, que queriam o fim do namoro. Em uma dessas situações, segundo o que Suzane relatou, ela chegou a levar um tapa no rosto dado pelo pai. Era Dia das Mães e a reação teria acontecido porque falou que ia ver o namorado. Depois disso, os encontros dos dois foram às escondidas.
Em julho, segundo o mesmo depoimento, Daniel e Suzane tiveram um pouco de paz quando os pais dela passaram 30 dias de férias no exterior. Daniel passou a dormir na casa com Suzane nesse período. Ela disse aos policiais que "foram os dias mais felizes de sua vida".
A família voltou da viagem e a proibição do namoro também. Foi em agosto, segundo o relato de Suzane, que surgiu a idéia de matar o casal Richthofen. "Essa idéia foi tomando corpo e grande proporção até que no mês de outubro resolveram praticar o crime", diz o depoimento de Suzane.
Daniel preparou as duas barras de ferro, com madeira dentro, pelos menos 20 dias antes do crime, segundo a jovem. Não havia definição de data. Segundo Suzane, eles resolveram colocar a idéia em prática na tarde do dia 30 de outubro. À noite, os namorados levaram Andreas, 15 -outro filho do casal- a um cibercafé e voltaram à casa para cometer o crime, em companhia de Cristian.
A participação de Suzane na morte dos pais ainda provoca dúvidas na polícia. Essa será uma das principais questões a serem esclarecidas na reconstituição do crime, que deve ocorrer amanhã.


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