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CRIME NO BROOKLIN
Em depoimento, Daniel Cravinhos de Paula e Silva disse que ele e Suzane pensaram na herança ao planejar mortes
Namorado diz que idéia de matar foi dele
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, afirmou, na polícia, que foi
ele que teve a idéia de matar Marísia e Manfred Richthofen e convenceu Suzane Louise, 19, filha do
casal e namorada dele, a participar do assassinato. Enquanto ela
fala que o crime foi por amor, ele
afirma que os dois também pensaram na herança da família.
O casal foi morto a pancadas no
dia 30 de outubro enquanto dormia, na casa da família, no Brooklin (zona sul de São Paulo). Suzane, Daniel e o irmão dele, Cristian
Cravinhos de Paula e Silva, 26,
confessaram o crime.
No depoimento ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), na sexta-feira pela
manhã, Daniel assumiu a autoria
da idéia do assassinato e disse que
Suzane tinha dúvidas de que o
plano desse certo.
"[Daniel] informa que dava a
entender que a solução para ambos seria matar os pais dela e
aguardou que ele se manifestasse.
Suzane lhe perguntou se poderia
dar tudo certo e também não sabia como iria ficar o seu estado
psicológico após a prática do crime", diz o depoimento de Daniel.
Ele contou aos policiais sobre a
proibição do namoro com Suzane, mas disse que os dois também
pensaram no dinheiro da família.
"[Daniel] informa que no momento em que o crime estava sendo planejado, ele e Suzane pensaram na herança que esta iria receber", relata o texto do interrogatório assinado por ele.
Em seu depoimento, Suzane
"alega não saber ao certo quem
teve a idéia" do crime. Mas confirmou que Daniel conseguiu convencê-la. "A interrogada informa
que, do modo como foi planejado
o crime, jamais imaginavam que
o crime iria ser descoberto, pois
estavam muito confiantes", diz o
interrogatório.
Suzane contou que os problemas que culminaram na morte de
seus pais começaram em maio
deste ano. Segundo ela, foi a partir
daí que a mãe, Marísia, passou a
"implicar" com Daniel "sem mais
nem menos".
A jovem chegou a narrar aos
policiais discussões com os pais,
que queriam o fim do namoro.
Em uma dessas situações, segundo o que Suzane relatou, ela chegou a levar um tapa no rosto dado
pelo pai. Era Dia das Mães e a reação teria acontecido porque falou
que ia ver o namorado. Depois
disso, os encontros dos dois foram às escondidas.
Em julho, segundo o mesmo depoimento, Daniel e Suzane tiveram um pouco de paz quando os
pais dela passaram 30 dias de férias no exterior. Daniel passou a
dormir na casa com Suzane nesse
período. Ela disse aos policiais
que "foram os dias mais felizes de
sua vida".
A família voltou da viagem e a
proibição do namoro também.
Foi em agosto, segundo o relato
de Suzane, que surgiu a idéia de
matar o casal Richthofen. "Essa
idéia foi tomando corpo e grande
proporção até que no mês de outubro resolveram praticar o crime", diz o depoimento de Suzane.
Daniel preparou as duas barras
de ferro, com madeira dentro, pelos menos 20 dias antes do crime,
segundo a jovem. Não havia definição de data. Segundo Suzane,
eles resolveram colocar a idéia em
prática na tarde do dia 30 de outubro. À noite, os namorados levaram Andreas, 15 -outro filho do
casal- a um cibercafé e voltaram
à casa para cometer o crime, em
companhia de Cristian.
A participação de Suzane na
morte dos pais ainda provoca dúvidas na polícia. Essa será uma
das principais questões a serem
esclarecidas na reconstituição do
crime, que deve ocorrer amanhã.
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