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ARMANDO DA COSTA PALMEIRA (1927-2008)
Um tesouro no porão do seu Armando
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Armando Palmeira era o
aluno mais velho no curso de
história da música. Jorge era
o colega de classe. "Eu via o
Armando, velhinho, indo a
pé do metrô à aula", lembra.
Jorge decidiu acompanhá-lo,
e os dois ficaram amigos.
Amigos de um ir almoçar
na casa do outro. Armando
apresentou Jorge à família e
o convidou a conhecer o porão. Jorge estranhou, mas topou o convite inusitado. Foi
aí que descobriu a enorme
biblioteca que o seu Armando mantinha em casa.
Natural de Mondim de
Basto, norte de Portugal, seu
Armando era professor de literatura. Tinha tantos livros,
mas tantos livros, que certa
vez vendeu cerca de 5.000
volumes para uma universidade de Mato Grosso.
Foi na década de 50 que o
português descobriu o Brasil.
Veio conhecer o pai, que o
havia deixado desde que nascera. Fugia também do regime salazarista.
Começou como vendedor
da Mesbla, onde conheceu a
mulher. Fez teatro na EAD
(Escola de Arte Dramática),
uma das mais importantes do
país. Nos anos 70, formou-se
em letras -dissertou sobre
"Os Lusíadas", de Camões,
seu favorito. No meio de tudo, ainda trabalhou com eletrônica (mexia com válvulas
de rádio). Com um ferro de
passar roupa, secou os livros
quando o porão inundou.
Armando morreu anteontem, em SP, aos 81, de infecção generalizada. Tinha Parkinson. Deixa dois filhos e
três netos. Os livros que ficavam no porão hoje estão na
biblioteca da escola em que
dava aula. Ele os doou.
obituario@folhasp.com.br
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