São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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Sem poda e investimento, SP enfrentará mais apagões

Falta de sistemas automáticos para religar energia também ameaça rede

AES Eletropaulo faz intensivo de podas para não repetir caos do ano passado, com recordes de apagões na cidade

L.C.Leite/Folhapress
Fiação aparente na rua Piauí, em Higienópolis (centro)

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Com a proximidade dos temporais de verão, a cidade de São Paulo tem o cenário propício para repetir a série de apagões da temporada passada, quando o número de horas às escuras por domicílio foi recorde em várias regiões da cidade.
Na capital paulista, os dois milhões de árvores convivem com uma rede elétrica quase toda aérea. Dos mais de 30 mil quilômetros de fios que existem na Grande SP, só 5% estão enterrados.
Além disso, apenas 500 dos 1.500 circuitos elétricos da região têm a capacidade de religar a luz dos postes automaticamente após uma queda qualquer.
Para completar o problema, o cuidado com as árvores é insuficiente. Apesar de a AES Eletropaulo e a prefeitura terem intensificado as podas, estimativas indicam que nem 30% das árvores são inspecionadas durante o ano.
Podres, recheadas de cupins ou asfixiadas pelas calçadas, muitas delas ficam mais frágeis para serem derrubadas em um dilúvio e arrebentarem os fios.

OPERAÇÃO DE GUERRA
Para minimizar a temporada de apagões, a AES Eletropaulo preparou um esquema intensivo de poda de árvores para o próximo verão.
O plano inicial era podar 225 mil árvores ao longo de todo o ano. "Mas vamos terminar o ano com 334 mil árvores [podadas]", diz Fernando Mirancos, diretor de operações da AES Eletropaulo. "Metade das 15 mil ocorrências que temos é causada por quedas de árvores ou galhos sobre a rede", afirma.
Os sistemas automáticos são úteis porque, além de encerrar logo um apagão, diminuem a extensão geográfica da queda de luz. A automatização total das redes está prevista para março de 2011.
A AES Eletropaulo, empresa que atende a todos os municípios da região metropolitana, admite ter sido surpreendida pelo volume de apagões no início deste ano.
Mas ela credita isso ao excesso de chuvas -em janeiro, por exemplo, choveu todos os dias. No próximo verão, ao menos um alívio: a previsão é de que os temporais sejam menos intensos.
Episódios críticos ocorreram principalmente no primeiro trimestre. As casas da região da represa de Guarapiranga (zona sul) ficaram, em média, 66 horas sem luz nesse tempo. O padrão da Aneel prevê tolerância máxima de 18 horas sem energia em um período de três meses.
Regiões próximas ao centro, como Lapa, Santo Amaro e Vila Mariana, também registraram marcas que estão fora dos padrões.


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