|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE
Propaganda exerce influência, mesmo que inconscientemente
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Médicos são médicos em
qualquer lugar que trabalhem. E, hoje em dia, eles trabalham em vários lugares.
De acordo com uma pesquisa
feita pelo Datafolha em 2007,
32% dos médicos paulistas
acumulavam quatro ou mais
empregos, contra 18% que tinham um único vínculo.
É raro, portanto, que um
médico do SUS trabalhe só
para o SUS. Assim, do ponto
de vista da indústria, não faz
muita diferença se seu representante é recebido pelo profissional em hospitais públicos ou consultórios privados.
Embora a maioria dos médicos tenda a negá-lo, o fato
de receberem brindes exerce
influência sobre suas prescrições. Não se trata, é claro, de
um processo consciente.
Ninguém em juízo perfeito
receitaria algo sabidamente
pior para o paciente em troca
de uma canetinha.
O que a literatura mostra é
que a propaganda e os presentes oferecidos pelos laboratórios funcionam bem.
Numa metanálise clássica
publicada em 2000 no "Jama", Ashley Wazana concluiu que a distribuição de
itens como brindes, amostras
grátis, refeições, viagens e
simpósios têm indiscutível
efeito sobre as atitudes dos
médicos e suas prescrições.
Pagar uma viagem para
um profissional, por exemplo, aumenta entre 4,5 e 10
vezes a probabilidade de ele
receitar ao pacientes as drogas do patrocinador.
Esse marketing é tão eficiente que se estima que, nos
EUA, os laboratórios a ele dediquem cerca de 25% de seus
orçamentos, contra apenas
13,4% destinados à pesquisa.
Texto Anterior: Entrevista: Ministro afirma que investe em capacitação Próximo Texto: Levantamento aponta falta de farmacêuticos Índice | Comunicar Erros
|