São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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Laudo foi desconsiderado, diz juíza

DA SUCURSAL DO RIO

Presidente do 4º Tribunal do Júri, a juíza Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes, 48, surpreendeu a platéia ao encerrar o julgamento dizendo que, apesar de ter muito respeito pela PM, tem ainda mais respeito pelos excluídos da sociedade. "Esperamos que se faça justiça", afirmou a juíza, com 12 anos na magistratura.
Na saída, disse que respeitava a decisão do júri, mas que não se pode rasgar a lei. "Sandros não faltam neste país. Será que a gente vai poder matar todos?". (FE)

Pergunta - Se os policiais foram absolvidos do homicídio, que tipo de morte houve?
Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes -
Segundo o Ministério Público, não se sabe agora do que Sandro morreu. Será que ele se suicidou? É a fala do Ministério Público. Temos uma peça técnica que diz que o que causou a morte dele foi asfixia, e os jurados hoje disseram que não.

Pergunta - Para a sra., o que Sandro representa para a sociedade?
Guedes -
A saída não pode ser exterminar todos os Sandros. A saída é fazer com que as leis sejam cumpridas, com que as pessoas respeitem as leis, as instituições, a polícia. Não tenho nada contra esses policiais, pelo contrário, os assentamentos funcionais deles são excelentes, mas sabemos que a PM tem problemas de estrutura.
A sociedade tem que parar e refletir. Senão vamos voltar à barbárie. Nós temos que pensar em começar a agir de forma cidadã, tentando salvar os Sandros. Incomoda aceitarmos como uma coisa muito pacífica que o Sandro merecia morrer.

Pergunta - Até que ponto a senhora acha que o medo da violência influenciou a decisão?
Guedes -
Claro que o momento que nós vivemos influencia. Nós, juízes togados, temos um distanciamento crítico. O jurado não. Ele é um cidadão que às vezes se sente acuado.


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