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Laudo foi desconsiderado, diz juíza
DA SUCURSAL DO RIO
Presidente do 4º Tribunal do
Júri, a juíza Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes, 48, surpreendeu a platéia ao encerrar o
julgamento dizendo que, apesar
de ter muito respeito pela PM,
tem ainda mais respeito pelos excluídos da sociedade. "Esperamos
que se faça justiça", afirmou a juíza, com 12 anos na magistratura.
Na saída, disse que respeitava a
decisão do júri, mas que não se
pode rasgar a lei. "Sandros não
faltam neste país. Será que a gente
vai poder matar todos?".
(FE)
Pergunta - Se os policiais foram
absolvidos do homicídio, que tipo
de morte houve?
Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes - Segundo o Ministério
Público, não se sabe agora do que
Sandro morreu. Será que ele se
suicidou? É a fala do Ministério
Público. Temos uma peça técnica
que diz que o que causou a morte
dele foi asfixia, e os jurados hoje
disseram que não.
Pergunta - Para a sra., o que Sandro representa para a sociedade?
Guedes - A saída não pode ser
exterminar todos os Sandros. A
saída é fazer com que as leis sejam
cumpridas, com que as pessoas
respeitem as leis, as instituições, a
polícia. Não tenho nada contra esses policiais, pelo contrário, os assentamentos funcionais deles são
excelentes, mas sabemos que a
PM tem problemas de estrutura.
A sociedade tem que parar e refletir. Senão vamos voltar à barbárie. Nós temos que pensar em começar a agir de forma cidadã, tentando salvar os Sandros. Incomoda aceitarmos como uma coisa
muito pacífica que o Sandro merecia morrer.
Pergunta - Até que ponto a senhora acha que o medo da violência influenciou a decisão?
Guedes - Claro que o momento
que nós vivemos influencia. Nós,
juízes togados, temos um distanciamento crítico. O jurado não.
Ele é um cidadão que às vezes se
sente acuado.
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