São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Índice

Pobreza ameaça futuro dos jovens

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cerca de 8 milhões de adolescentes -38% do total de 21 milhões de jovens de 12 a 17 anos- têm o seu futuro comprometido por razões ligadas à precariedade educacional e pobreza. A conclusão consta do relatório Situação da Adolescência no Brasil, feito pelo Unicef e divulgado ontem. A situação atual, definida como "alarmante" pela representante do organismo no Brasil, Reiko Niimi, foi agravada em 2000, quando nasceram 338 mil bebês de mães adolescentes. Em 6,3% dos casos, não houve nem sequer pré-natal para a gestante. Dos 8 milhões de adolescentes, 1,3 milhão é analfabeto, 3,3 milhões abandonaram a escola, 1,9 milhão tem de dez a 14 anos e trabalha e 3,2 milhões de 15 a 17 anos estão no mercado de trabalho.
A taxa de analfabetismo na faixa etária de 12 a 17 anos serve de indicativo para o desenvolvimento das regiões nos últimos 20 anos. A análise dos dados mostra que as diferenças regionais ainda são determinantes no Brasil. Os Estados do Nordeste, por exemplo, superam a média nacional de 5,2% de adolescentes analfabetos.
As regiões Sul e Sudeste, por outro lado, estão abaixo da média brasileira. Santa Catarina ocupa uma das primeiras posições, com 1,3% dos adolescentes sem saber ler ou escrever. O Unicef utiliza o mesmo critério do IBGE, que estabelece como analfabeto quem não sabe escrever nem ler, com algum grau de compreensão, um bilhete no idioma que conhece.
O levantamento do Unicef mostra que a matrícula em escolas é menor na faixa dos 15 aos 17 anos. A média nacional é de 33,3% de jovens matriculados nessas idades, e apenas nove Estados superam esse índice. Novamente, o Nordeste é campeão na exclusão, tendo em Alagoas a menor taxa de matriculados (11,8%).
São Paulo, com a maior quantidade (54,7%) do país ainda possui quatro em cada dez adolescentes de 15 a 17 anos fora da escola.
Segundo Reiko Niimi, o governo deve articular e integrar políticas públicas para garantir resultados práticos. Ou seja, programas de transferência de renda, como Bolsa-Escola, participação juvenil e qualificação profissional devem andar juntos, sugere.
(IURI DANTAS)


Texto Anterior: Infância: País melhora posição em ranking do Unicef de mortalidade na infância
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.