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Pobreza ameaça futuro dos jovens
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cerca de 8 milhões de adolescentes -38% do total de 21 milhões de jovens de 12 a 17 anos-
têm o seu futuro comprometido
por razões ligadas à precariedade
educacional e pobreza. A conclusão consta do relatório Situação
da Adolescência no Brasil, feito
pelo Unicef e divulgado ontem. A
situação atual, definida como
"alarmante" pela representante
do organismo no Brasil, Reiko
Niimi, foi agravada em 2000,
quando nasceram 338 mil bebês
de mães adolescentes. Em 6,3%
dos casos, não houve nem sequer
pré-natal para a gestante. Dos 8
milhões de adolescentes, 1,3 milhão é analfabeto, 3,3 milhões
abandonaram a escola, 1,9 milhão
tem de dez a 14 anos e trabalha e
3,2 milhões de 15 a 17 anos estão
no mercado de trabalho.
A taxa de analfabetismo na faixa
etária de 12 a 17 anos serve de indicativo para o desenvolvimento
das regiões nos últimos 20 anos. A
análise dos dados mostra que as
diferenças regionais ainda são determinantes no Brasil. Os Estados
do Nordeste, por exemplo, superam a média nacional de 5,2% de
adolescentes analfabetos.
As regiões Sul e Sudeste, por outro lado, estão abaixo da média
brasileira. Santa Catarina ocupa
uma das primeiras posições, com
1,3% dos adolescentes sem saber
ler ou escrever. O Unicef utiliza o
mesmo critério do IBGE, que estabelece como analfabeto quem
não sabe escrever nem ler, com algum grau de compreensão, um
bilhete no idioma que conhece.
O levantamento do Unicef mostra que a matrícula em escolas é
menor na faixa dos 15 aos 17 anos.
A média nacional é de 33,3% de
jovens matriculados nessas idades, e apenas nove Estados superam esse índice. Novamente, o
Nordeste é campeão na exclusão,
tendo em Alagoas a menor taxa
de matriculados (11,8%).
São Paulo, com a maior quantidade (54,7%) do país ainda possui
quatro em cada dez adolescentes
de 15 a 17 anos fora da escola.
Segundo Reiko Niimi, o governo deve articular e integrar políticas públicas para garantir resultados práticos. Ou seja, programas
de transferência de renda, como
Bolsa-Escola, participação juvenil
e qualificação profissional devem
andar juntos, sugere.
(IURI DANTAS)
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