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Programa deve investir R$ 23 bi
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GILBUÉS
Em um projeto que envolve sete
ministérios, secretarias estaduais
e ONGs, o governo federal lançou
o PAN (Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e
Mitigação dos Efeitos da Seca),
com previsão de investir R$ 23,5
bilhões até 2007.
As comunidades atingidas diretamente pelo problema da desertificação, como em Gilbués, querem ver as ações na prática. Investimentos já realizados por governos passados não surtiram efeito.
Em Gilbués, foi construído, com
verba pública, um prédio para o
Instituto Desert, de Teresina, que
nunca funcionou. Salas de capacitação, auditórios e um terreno suficiente para pesquisas estão
abandonados.
"Por isso a população rejeita o
tema desertificação. Não quer
nem ouvir falar. Já houve muitas
promessas, mas nunca foi feito
nada", afirma Ivete Oliveira, presidente da SOS Gilbués.
A dificuldade para conseguir investimentos aumenta ainda mais
pelas desavenças políticas locais.
A ONG é ligada ao PT -Oliveira
foi eleita vereadora pelo partido.
O prefeito do município é do PFL.
"Enquanto não acabarem as
barreiras políticas, pode ter certeza de que não vai mudar nada e
que o processo de desertificação
só vai aumentar", disse José Celesmá Bertulino, engenheiro
agrônomo e secretário da Agricultura de Gilbués.
A descrença também é justificada pela demora nas ações dos governos sobre o tema, mesmo com
apoios internacionais. O conceito
internacional de desertificação foi
discutido no Brasil, na Eco 92. Em
1995, o país assinou um convênio
de cooperação com o PNUD
(Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento). Apenas nove anos depois o plano de
ação para o combate à desertificação foi colocado no papel.
O PAN é uma soma de programas sociais em curso, como o
Bolsa-Família (os investimentos
sociais devem tomar 90% dos recursos do programa), e de projetos ambientais, como a recuperação do rio São Francisco.
Para o coordenador-técnico José Roberto de Lima, do Ministério
do Meio Ambiente, a maior novidade do programa é pôr o tema
desertificação como prioridade.
O problema foi tema de discurso de Marie-Pierre Poirier, representante do Unicef no Brasil. Ao
divulgar um relatório sobre a miséria entre as crianças no país, disse que "a pobreza brasileira tem a
cara da criança do semi-árido
nordestino". Pelo relatório, 45%
das crianças e dos adolescentes do
Brasil vivem abaixo da linha da
pobreza.
(KF)
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