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Testemunha de crime no parque foi ignorada
Citada em depoimento à polícia em agosto, pessoa que presenciou uma das 13 mortes só foi procurada nesta semana
Com base nesse relato a Justiça determinou a prisão do sargento reformado Jairo Franco, suspeito de ser o "maníaco do arco-íris"
ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A principal testemunha da
Polícia Civil de Carapicuíba
(Grande SP) para a prisão do
sargento reformado da Polícia
Militar Jairo Francisco Franco,
46, suspeito de ser o "maníaco
do arco-íris", foi desprezada
por quase quatro meses.
Segundo o delegado Paulo
Fortunato, a peça na investigação dos 13 assassinatos em série no parque dos Paturis, uma
testemunha ocular, só foi encontrada anteontem com a
"reinvestigação" dos crimes
iniciada nesta semana, após a
Folha noticiar as mortes.
A testemunha havia sido citada no depoimento de um comerciante em agosto, quando
ocorreu a 13ª morte no parque,
mas nada havia sido feito.
A testemunha -que a polícia
não revela o nome por motivos
de segurança e que está sob
proteção- foi achada com ajuda do comerciante, que ficou no
parque e avisou os policiais
quando ela apareceu. "Todos
esses crimes têm testemunhas,
mas o pessoal tem muito medo
de contar", disse o comerciante, cujo nome a Folha preserva
por segurança.
Na delegacia, segundo Fortunato, a testemunha confirmou
ter visto o crime e disse que
não tinha dúvidas de ser o sargento o autor. A certeza estava
reforçada na relação sexual que
ambos tiveram antes. Informada desses detalhes, a juíza Roberta Poppi Neri, autorizou a
prisão de Franco por 30 dias.
Não era só a Polícia Civil de
Carapicuíba que tratava as
mortes no parque como "homicídios simples" e isolados. Promotores agiam da mesma forma. Eles dizem saber da possível existência de um assassino
em série "ao menos" desde
agosto de 2007.
Mesmo diante do aumento
de vítimas no parque, os promotores não ouviram testemunhas -procedimento comum
em casos complexos.
"Em nenhum desses processos [inquéritos policiais] que
eram relatados e passaram por
nós, em nenhum, eles [policiais] trouxeram qualquer informação que indicasse quem
seria o suposto autor", diz a
promotora Juliana Tocunduva.
Também não foi feito um
cruzamento de informações
dos casos. Com um "protocolado único", por exemplo, os promotores poderiam analisar as
semelhanças dos crimes. "A
gente vinha acompanhando as
investigações da polícia", disse
a promotora Cristiane Pariz.
Questionadas sobre o motivo
de não ter solicitado até agora
exame balístico dos projéteis
extraídos dos corpos de 12 das
13 vítimas mortas (uma foi
morta a pauladas), a promotora
Cristiane disse: "É, não tenho
uma resposta para isso".
Ao ser questionado se a polícia só passou a agir após a revelação do caso, o secretário da
Segurança Pública, Ronaldo
Marzagão, negou.
"As investigações já têm algum tempo, isso não foi algo
que saiu de um dia para outro.
Nós esperamos, no menor tempo possível, que tudo possa ser
esclarecido. Não se pode adiantar eventuais providências porque isso atrapalharia o curso do
inquérito", disse.
Colaborou BRUNA SANIELE
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