São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Oficial é presa por empregar brasileira ilegal nos EUA

Responsável pela imigração em Boston pagava US$ 75 por dia para faxineira clandestina

Faxineira brasileira, não identificada, colaborou com o serviço de imigração em troca de vantagens e gravou conversas com a patroa

DA REPORTAGEM LOCAL

A oficial encarregada de impedir a entrada de imigrantes ilegais e traficantes em Boston (Massachussets, EUA), Lorraine Henderson, foi presa no domingo sob a acusação de empregar repetidamente em sua casa estrangeiros sem visto de residência no país.
De acordo com as investigações, ela mantinha desde 2004 uma faxineira brasileira, a quem pagava US$ 75 por dia.
Henderson era diretora da Divisão de Proteção da Fronteira e Alfândega do Departamento de Segurança dos EUA e chefiava 190 oficiais em três aeroportos. A prisão foi divulgada pelo "Boston Globe". Ela também concedia ou negava o ingresso a imigrantes ilegais.
A faxineira brasileira, não identificada, colaborou com o serviço de imigração em troca de vantagens. Ela gravou conversas com a patroa.
Promotores classificaram o evento como um caso exemplar de hipocrisia por parte de um oficial encarregado de fazer cumprir a lei.
"Ela violou leis pelas quais deveria estar zelando", disse o promotor público Michael J. Sullivan, chefe do departamento de corrupção pública.
O diretor executivo do Centro de Imigração Brasileira em Allstom, Fausto da Rocha, diz que "há muitos casos de políticos, grandes empresários, homens de negócios que contratam direta ou indiretamente um imigrante sem documento." "São 12 milhões de trabalhadores sem documentos nos EUA, e quem compra roupas, carros, come em restaurantes ou tem empregados em casa está mantendo essas pessoas."
Ele afirma que o ex-governador de Massachussets, Mitt Romney, mantinha um jardineiro não documentado. Segundo Rocha, com a divulgação da colaboração da brasileira com as autoridades, a imagem das faxineiras ficou comprometida. "Vai começar uma investigação sobre elas."
Para ele, a solução é uma reforma no sistema de imigração. "Os políticos não mandam esses trabalhadores embora do país, nem regulamentam a situação deles."

Desde o começo
Tudo começou quando Lorraine indicou a uma colega oficial a faxineira brasileira.
Em 2005, essa colega recebeu um memorando alertando os funcionários da divisão de fronteiras de que não deveriam empregar imigrantes ilegais.
Depois de perguntar à faxineira se ela estava legal (e descobrir que não), a oficial a despediu e avisou a Henderson que, mesmo assim, continuou empregando a moça -até que sua supervisora foi comunicada e iniciou-se a investigação.
O diretor executivo do Fórum Nacional de Imigração, em Washington, Ali Noorani, diz entender a atitude de Henderson: "Ela não está agindo de acordo com sua função, mas teve compaixão."
Aparentando muito cansaço após ficar seis horas sob custódia, Lorraine, 50, deixou a prisão com o compromisso de pagar US$ 25 mil. (PAULO SAMPAIO)


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