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Oficial é presa por empregar brasileira ilegal nos EUA
Responsável pela imigração em Boston pagava US$ 75 por dia para faxineira clandestina
Faxineira brasileira, não identificada, colaborou com o serviço de imigração em troca de vantagens e gravou conversas com a patroa
DA REPORTAGEM LOCAL
A oficial encarregada de impedir a entrada de imigrantes
ilegais e traficantes em Boston
(Massachussets, EUA), Lorraine Henderson, foi presa no domingo sob a acusação de empregar repetidamente em sua
casa estrangeiros sem visto de
residência no país.
De acordo com as investigações, ela mantinha desde 2004
uma faxineira brasileira, a
quem pagava US$ 75 por dia.
Henderson era diretora da
Divisão de Proteção da Fronteira e Alfândega do Departamento de Segurança dos EUA e
chefiava 190 oficiais em três aeroportos. A prisão foi divulgada
pelo "Boston Globe". Ela também concedia ou negava o ingresso a imigrantes ilegais.
A faxineira brasileira, não
identificada, colaborou com o
serviço de imigração em troca
de vantagens. Ela gravou conversas com a patroa.
Promotores classificaram o
evento como um caso exemplar
de hipocrisia por parte de um
oficial encarregado de fazer
cumprir a lei.
"Ela violou leis pelas quais
deveria estar zelando", disse o
promotor público Michael J.
Sullivan, chefe do departamento de corrupção pública.
O diretor executivo do Centro de Imigração Brasileira em
Allstom, Fausto da Rocha, diz
que "há muitos casos de políticos, grandes empresários, homens de negócios que contratam direta ou indiretamente
um imigrante sem documento." "São 12 milhões de trabalhadores sem documentos nos
EUA, e quem compra roupas,
carros, come em restaurantes
ou tem empregados em casa está mantendo essas pessoas."
Ele afirma que o ex-governador de Massachussets, Mitt
Romney, mantinha um jardineiro não documentado. Segundo Rocha, com a divulgação
da colaboração da brasileira
com as autoridades, a imagem
das faxineiras ficou comprometida. "Vai começar uma investigação sobre elas."
Para ele, a solução é uma reforma no sistema de imigração.
"Os políticos não mandam esses trabalhadores embora do
país, nem regulamentam a situação deles."
Desde o começo
Tudo começou quando Lorraine indicou a uma colega oficial a faxineira brasileira.
Em 2005, essa colega recebeu um memorando alertando
os funcionários da divisão de
fronteiras de que não deveriam
empregar imigrantes ilegais.
Depois de perguntar à faxineira se ela estava legal (e descobrir que não), a oficial a despediu e avisou a Henderson
que, mesmo assim, continuou
empregando a moça -até que
sua supervisora foi comunicada e iniciou-se a investigação.
O diretor executivo do Fórum Nacional de Imigração, em
Washington, Ali Noorani, diz
entender a atitude de Henderson: "Ela não está agindo de
acordo com sua função, mas teve compaixão."
Aparentando muito cansaço
após ficar seis horas sob custódia, Lorraine, 50, deixou a prisão com o compromisso de pagar US$ 25 mil.
(PAULO SAMPAIO)
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