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SP tem 9 delegacias para 5,7 milhões de mulheres
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
São muitas as dificuldades
enfrentadas por vítimas de violência sexual. "Desce daí, menina, não é para subir aí. Você já é
grande. Vai fazer bagunça lá fora", gritava a atendente da 1ª
Delegacia de Polícia de Defesa
da Mulher, no centro de São
Paulo, para uma menininha de
quatro anos, recém-violentada
por um vizinho de 18 anos.
A menina foi levada ao local
pela mãe, que escutou da mesma atendente (o nome dela é
Dagmar) uma bronca porque
não conseguia se lembrar do
endereço de casa.
"Você não sabe o nome da
rua em que você mora? Eu tenho uma sobrinha de três anos
que já sabe o próprio endereço,
e você não?"
A mãe queria prestar queixa
e chegou à delegacia levada pela
polícia, depois de procurar o
hospital Pérola Byington.
A cena foi presenciada pela
Folha que, até então, não havia
se identificado para a atendente. Assim que soube que havia
uma repórter no local, Dagmar
disse que "adora crianças".
Em São Paulo existem nove
delegacias para uma população
de 5,7 milhões de mulheres. A
Folha visitou as nove unidades.
Em nenhuma havia assistentes
sociais ou psicólogos formados
-algumas tinham apenas estudantes. Nenhuma funciona durante os finais de semana. Em
duas delegacias não havia papel
higiênico no banheiro. Em seis
delas -junto a uma delegacia
comum- o banheiro ficava a
dois andares de distância.
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