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Inclusão cresce, mas maioria não tem acesso à internet
Uso da rede aumenta, mas 65% da população com mais de dez anos está fora da rede
O "estreante" na internet mora no Norte/Nordeste do país, tem renda de até um salário mínimo, 27 anos de idade e sete anos de estudo
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Graças à expansão da renda e
do crédito, o total de brasileiros
com acesso à rede mundial de
computadores cresceu 75%,
passando de 32 milhões para 56
milhões de pessoas em três
anos. Apesar do avanço, 104,7
milhões de brasileiros -65,2%
de quem tinha mais de dez anos
ou 55% da população de 189
milhões- ainda estão excluídos do mundo digital.
Este é retrato que emerge da
Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios), feita
pelo IBGE no último trimestre
de 2008. Foram ouvidas 391
mil pessoas, com mais de dez
anos, que acessaram a rede três
meses antes da entrevista.
O brasileiro que acaba de
descobrir a internet mora no
Norte/Nordeste do país, tem
renda de até um salário mínimo, 27 anos de idade e sete anos
de estudo, acessa de casa ou de
LAN house por banda larga e
mantém seu perfil no site de relacionamento Orkut para encontrar amigos. Esse é o perfil
médio dos 24 milhões de brasileiros que descobriram a internet entre 2005 e 2008.
"O Brasil teve uma evolução
fantástica no acesso à internet,
que está chegando às pessoas
de renda mais baixa, mas, pela
quantidade de excluídos, ainda
temos um apagão digital. É
uma situação crítica, quando se
compara com outros países",
diz Cimar Azeredo, um dos responsáveis pela Pnad.
O Brasil tem 34,8% da população ligada à rede -eram 21%
em 2005. Isso deixa o país melhor do que a média mundial
-25,8%-, mas abaixo de nações sul-americanas, como a
Argentina e o Chile, onde cerca
de metade da população está
conectada.
Houve mudança nas justificativas dos excluídos. Os que
alegavam preço alto do computador caíram de 9% para apenas 1,7%. A falta de acesso a
computador era problema para
37% dos ouvidos em 2005; agora, 30% têm o problema.
Em compensação, os que não
acham necessário saber usar a
internet passaram de 21% para
33%. "A falta de interesse reflete a falta de educação. O canal
mais importante para a inclusão é a educação, a redução da
desigualdade", diz Azeredo.
O crescimento do contingente de incluídos foi mais forte no
Nordeste e no Norte. Avançou
de 12% para 25% e de 12% para
27,5%, respectivamente.
Renda e idade ditam o que o
visitante busca na rede. Os sites
de bancos são destinos preferenciais de quem tem em média 36 anos e renda de R$ 1.989.
Já os sites de relacionamento e
de lazer são o objetivo dos
usuários que têm em média
24,8 anos e renda de R$ 958.
O ex-ministro das Comunicações e sócio da Orion Consultoria Juarez Quadros acredita
que a inclusão continuará.
"As operadoras móveis se
comprometeram com a Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) a levar o 3G [tecnologia que permite o acesso à
internet via celular] a todos os
municípios até 2011."
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