São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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Inclusão cresce, mas maioria não tem acesso à internet

Uso da rede aumenta, mas 65% da população com mais de dez anos está fora da rede

O "estreante" na internet mora no Norte/Nordeste do país, tem renda de até um salário mínimo, 27 anos de idade e sete anos de estudo

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Graças à expansão da renda e do crédito, o total de brasileiros com acesso à rede mundial de computadores cresceu 75%, passando de 32 milhões para 56 milhões de pessoas em três anos. Apesar do avanço, 104,7 milhões de brasileiros -65,2% de quem tinha mais de dez anos ou 55% da população de 189 milhões- ainda estão excluídos do mundo digital.
Este é retrato que emerge da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE no último trimestre de 2008. Foram ouvidas 391 mil pessoas, com mais de dez anos, que acessaram a rede três meses antes da entrevista.
O brasileiro que acaba de descobrir a internet mora no Norte/Nordeste do país, tem renda de até um salário mínimo, 27 anos de idade e sete anos de estudo, acessa de casa ou de LAN house por banda larga e mantém seu perfil no site de relacionamento Orkut para encontrar amigos. Esse é o perfil médio dos 24 milhões de brasileiros que descobriram a internet entre 2005 e 2008.
"O Brasil teve uma evolução fantástica no acesso à internet, que está chegando às pessoas de renda mais baixa, mas, pela quantidade de excluídos, ainda temos um apagão digital. É uma situação crítica, quando se compara com outros países", diz Cimar Azeredo, um dos responsáveis pela Pnad.
O Brasil tem 34,8% da população ligada à rede -eram 21% em 2005. Isso deixa o país melhor do que a média mundial -25,8%-, mas abaixo de nações sul-americanas, como a Argentina e o Chile, onde cerca de metade da população está conectada.
Houve mudança nas justificativas dos excluídos. Os que alegavam preço alto do computador caíram de 9% para apenas 1,7%. A falta de acesso a computador era problema para 37% dos ouvidos em 2005; agora, 30% têm o problema.
Em compensação, os que não acham necessário saber usar a internet passaram de 21% para 33%. "A falta de interesse reflete a falta de educação. O canal mais importante para a inclusão é a educação, a redução da desigualdade", diz Azeredo.
O crescimento do contingente de incluídos foi mais forte no Nordeste e no Norte. Avançou de 12% para 25% e de 12% para 27,5%, respectivamente.
Renda e idade ditam o que o visitante busca na rede. Os sites de bancos são destinos preferenciais de quem tem em média 36 anos e renda de R$ 1.989. Já os sites de relacionamento e de lazer são o objetivo dos usuários que têm em média 24,8 anos e renda de R$ 958.
O ex-ministro das Comunicações e sócio da Orion Consultoria Juarez Quadros acredita que a inclusão continuará.
"As operadoras móveis se comprometeram com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) a levar o 3G [tecnologia que permite o acesso à internet via celular] a todos os municípios até 2011."


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