São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2007

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Para Metrô, era possível prever acidente

Afirmação foi feita pelo presidente da empresa de transporte, Luiz Carlos David, ao governador; causas ainda não foram apontadas

Funcionários do consórcio responsável pela obra citam terreno esponjoso e chuva constante como pontos que podem ter levado a acidente

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Assim que chegou ao local do acidente, à noite, o governador paulista, José Serra (PSDB), visivelmente irritado, perguntou ao presidente do Metrô, Luiz Carlos David: "Vocês não tinham como ter previsto isso?".
A resposta foi direta: "sim, [a gente] tinha". O diálogo foi presenciado pela reportagem da Folha. Serra e o auxiliar caminhavam pela rua Capri, uma das que foram interditadas.
Posteriormente, durante entrevista coletiva, a reportagem perguntou ao governador sobre o diálogo, que negou que a resposta do presidente do Metrô tenha sido "sim". "Não foi isso que ele disse", afirmou.
Mais tarde, no Palácio dos Bandeirantes, Serra voltou a negar a resposta. "Ele não disse que sim nem que não. Só a perícia poderá dizer."
A Folha apurou que auxiliares do governador consideram que houve negligência por parte dos engenheiros da obra. Um dos assessores de Serra chegou a perguntar a funcionários da empreiteira quem era o responsável pelo acidente. Aos gritos, disse que iria colocá-lo [o responsável] na cadeia.

Causas
O secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, disse que ainda não é possível apontar as causas do desmoronamento. Segundo ele, a investigação ocorrerá apenas após os Bombeiros autorizarem a entrada de técnicos na área atingida.
O secretário declarou que o solo da área é ruim. Por estar perto do rio Pinheiros, explicou, o terreno é uma área de várzea. Afirmou, no entanto, que não tinha informação de acidentes anteriores em razão da qualidade do solo.
Sobre os prejuízos causados com o acidente, disse que, no momento, a secretaria não está preocupada com essa questão -mas em saber se há vítimas e evitar novos incidentes.
O engenheiro Fabio Gandolfo, do Consórcio Linha Amarela -responsável pela obra-, também não sabia os motivos do acidente.
Ele solicitou que a reportagem procurasse a assessoria de imprensa do consórcio para obter informações, o que foi feito. Porém, até o fechamento desta edição, a assessoria não havia dado resposta.
Segundo a Folha apurou com funcionários do consórcio, liderado pela Odebrecht, as empresas acreditam que o solo esponjoso e as chuvas constantes possam ter contribuído para o acidente.
O gerente de construção do Metrô é Marco Antonio Buoncompagno. A reportagem não conseguiu fazer contato com ele ontem à tarde. O prefeito Gilberto Kassab (PFL) também disse no local do acidente não ter informação sobre as causas.
À tarde, além do secretário dos Transportes Metropolitanos e do presidente do Metrô, o subprefeito de Pinheiros, Nilton Elias Nachle, e o secretário municipal dos Transportes, Frederico Bussinger, foram ao local. Já o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), apareceu às 20h35. Antes, uma mulher havia protestado gritando que ele deveria estar presente, já que a obra é responsabilidade de seu governo.
Segundo sua assessoria de imprensa, Serra passou o dia em reuniões e pediu que o secretário Portella o mantivesse informado até a noite, quando, após um compromisso externo, chegou a Pinheiros.


(Colaboraram JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, ROGÉRIO PAGNAN, EVANDRO SPINELLI e AFRA BALAZINA)


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