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Para Metrô, era possível prever acidente
Afirmação foi feita pelo presidente da empresa de transporte, Luiz Carlos David, ao governador; causas ainda não foram apontadas
Funcionários do consórcio responsável pela obra citam terreno esponjoso e chuva constante como pontos que podem ter levado a acidente
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim que chegou ao local do
acidente, à noite, o governador
paulista, José Serra (PSDB), visivelmente irritado, perguntou
ao presidente do Metrô, Luiz
Carlos David: "Vocês não tinham como ter previsto isso?".
A resposta foi direta: "sim, [a
gente] tinha". O diálogo foi presenciado pela reportagem da
Folha. Serra e o auxiliar caminhavam pela rua Capri, uma
das que foram interditadas.
Posteriormente, durante entrevista coletiva, a reportagem
perguntou ao governador sobre
o diálogo, que negou que a resposta do presidente do Metrô
tenha sido "sim". "Não foi isso
que ele disse", afirmou.
Mais tarde, no Palácio dos
Bandeirantes, Serra voltou a
negar a resposta. "Ele não disse
que sim nem que não. Só a perícia poderá dizer."
A Folha apurou que auxiliares do governador consideram
que houve negligência por parte dos engenheiros da obra. Um
dos assessores de Serra chegou
a perguntar a funcionários da
empreiteira quem era o responsável pelo acidente. Aos
gritos, disse que iria colocá-lo
[o responsável] na cadeia.
Causas
O secretário dos Transportes
Metropolitanos, José Luiz Portella, disse que ainda não é possível apontar as causas do desmoronamento. Segundo ele, a
investigação ocorrerá apenas
após os Bombeiros autorizarem a entrada de técnicos na
área atingida.
O secretário declarou que o
solo da área é ruim. Por estar
perto do rio Pinheiros, explicou, o terreno é uma área de
várzea. Afirmou, no entanto,
que não tinha informação de
acidentes anteriores em razão
da qualidade do solo.
Sobre os prejuízos causados
com o acidente, disse que, no
momento, a secretaria não está
preocupada com essa questão
-mas em saber se há vítimas e
evitar novos incidentes.
O engenheiro Fabio Gandolfo, do Consórcio Linha Amarela -responsável pela obra-,
também não sabia os motivos
do acidente.
Ele solicitou que a reportagem procurasse a assessoria de
imprensa do consórcio para
obter informações, o que foi
feito. Porém, até o fechamento
desta edição, a assessoria não
havia dado resposta.
Segundo a Folha apurou
com funcionários do consórcio, liderado pela Odebrecht, as
empresas acreditam que o solo
esponjoso e as chuvas constantes possam ter contribuído para o acidente.
O gerente de construção do
Metrô é Marco Antonio Buoncompagno. A reportagem não
conseguiu fazer contato com
ele ontem à tarde. O prefeito
Gilberto Kassab (PFL) também disse no local do acidente
não ter informação sobre as
causas.
À tarde, além do secretário
dos Transportes Metropolitanos e do presidente do Metrô, o
subprefeito de Pinheiros, Nilton Elias Nachle, e o secretário
municipal dos Transportes,
Frederico Bussinger, foram ao
local. Já o governador de São
Paulo, José Serra (PSDB), apareceu às 20h35. Antes, uma
mulher havia protestado gritando que ele deveria estar
presente, já que a obra é responsabilidade de seu governo.
Segundo sua assessoria de
imprensa, Serra passou o dia
em reuniões e pediu que o secretário Portella o mantivesse
informado até a noite, quando,
após um compromisso externo, chegou a Pinheiros.
(Colaboraram JOSÉ ERNESTO CREDENDIO,
ROGÉRIO PAGNAN, EVANDRO SPINELLI e
AFRA BALAZINA)
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