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Prejuízo só em uma cidade é de R$ 10,6 mi
Gastos previstos na reconstrução de casas, ruas e estradas em Miraí superam toda a arrecadação do município em um ano
Laudo da qualidade da água descarta toxinas, mas indica que concentração de areia e argila é letal, especialmente para animais e para peixes
CÍNTIA ACAYABA
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
O rompimento da barragem
de rejeitos de bauxita da Mineração Rio Pomba Cataguases
causou prejuízo de pelo menos
R$ 10,6 milhões à cidade de Miraí (335 km de Belo Horizonte).
Segundo a prefeitura, a arrecadação anual da cidade não ultrapassa R$ 6 milhões.
Levantamento preliminar da
Prefeitura de Miraí e do DER
(Departamento de Estradas de
Rodagem) mostra que os maiores prejuízos causados pelo vazamento de pelo menos 2 bilhões de litros de lama foram a
destruição de ruas e casas.
De acordo com o governo mineiro, os impactos ambientais
identificados até agora são destruição de fauna aquática por
falta de oxigênio, eliminação de
ecossistemas ribeirinhos e alteração da qualidade das águas
nos rios Fubá e Muriaé.
Para a recuperação de 785 casas serão necessários R$ 5,3
milhões, informou a prefeitura.
A pavimentação de ruas atingidas consumirá R$ 2,74 milhões. O DER informou que a
recuperação de estradas locais
custará R$ 1,2 milhão.
A cidade também precisa reconstruir pontes, instalar bueiros e construir trechos de
meio-fio, apontou o levantamento. "Isso porque ainda não
contamos o ressarcimento de
terceiros, como uma indústria
têxtil que vai precisar de até R$
600 mil", disse o prefeito de
Miraí, Sérgio Resende (PMDB).
Análise das águas
O governo de Minas divulgou
ontem o primeiro relatório de
análise das águas dos rios Muriaé e Fubá, atingidos pelo vazamento. O Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas)
confirmou que a lama não é tóxica. Os resultados indicaram,
porém, alto nível de turbidez da
água (presença de resíduos sólidos como areia e argila).
No trecho logo após a foz do
rio Fubá, em Miraí, o índice de
turbidez indicava 71 mil UNT
(unidade que mede partículas
sólidas na água) na quinta-feira. Ontem, o índice caiu para 65
mil UNT. O padrão máximo do
Conama (Conselho Nacional
de Meio Ambiente) para rios
como o Muriaé é de cem UNT.
"O grande vilão nesse acidente é a turbidez da água, pois a
barragem não era de rejeitos
tóxicos. Com 71 mil unidades,
nada consegue ficar vivo", disse
o presidente do Igam, Paulo
Teodoro de Carvalho.
De acordo com ele, não há como prever quando as águas do
rio Muriaé voltarão ao normal,
pois as chuvas que atingem a
região podem revolver os sedimentos do fundo do rio e provocar novas manchas de lama.
O secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, José
Carlos Carvalho, declarou ontem que a previsão é que os R$
75 milhões de multa aplicados à
mineradora sejam investidos
em ações ambientais nos municípios atingidos.
Reunião
A Mineração Rio Pomba Cataguases firmou ontem seu primeiro compromisso público de
reparação de danos.
Em reunião com Ministério
Público de Minas Gerais, Defesa Civil de Minas e do Rio,
Feam (agência ambiental mineira), Corpo de Bombeiros,
prefeitos da região e representantes das comunidades, a mineradora assinou termo de
compromisso em que se compromete a dar apoio aos municípios mineiros (Miraí, Muriaé
e Patrocínio do Muriaé) e fluminenses (Laje do Muriaé e
Itaperuna) atingidos. As demandas ainda serão apontadas
pela Defesa Civil.
Colaborou THIAGO GUIMARÃES, da Agência
Folha
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