São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
venha e veja
Avanço para o metrô, estação
Sé, e encontro um velho sujo e
fedido sentado no chão. Nem os
ratos se aproximam, só quando
estiver morto para arrastarem
sua carcaça pro esgoto. Seus ossos quebradiços serão facilmente triturados pelos roedores. Ele diz que tem uma ferida
e que mostrará se lhe der algum
trocado. "Tenho uma ferida
aqui que você nunca viu." Há
larvas nadando na carne esponjosa. Está sendo devorado vivo.
Os ratos o rodeiam, respeitando o árduo trabalho das larvas
para depois arrastarem-no. No
metrô, suspiro sedado pelos
vestígios de uma cidade subterrânea, seus habitantes e sua
possível maldade.
ANA PAULA MAIA , 30, escritora, é autora do romance "A Guerra dos Bastardos" (ed. Língua Geral) Texto Anterior: Rabisco em papel timbrado do hotel: Próximo Texto: Da paz paulista Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |