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SP tem fila de até 4 h para vacina contra febre amarela
Só uma enfermeira atendia 1.400 pessoas em Congonhas
Também houve alta procura no Instituto Pasteur, na avenida Paulista, onde o movimento subiu de 15 para 250 pessoas ontem
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de senhas de atendimentos distribuídas ontem
pela manhã no posto de vacinação da Anvisa no aeroporto de
Congonhas passava de 1.400.
Às 12h30, 706 pessoas haviam
sido vacinadas contra a febre
amarela. A espera nas filas ultrapassava quatro horas.
Apenas uma enfermeira fazia
aplicação da vacina no posto da
Anvisa, segundo os passageiros
atendidos. Diferentemente de
outros postos de imunização,
para ser vacinado em Congonhas não era necessário estar
com viagem marcada para lugares endêmicos da doença.
Muitos dos passageiros vacinados ontem o fizeram por precaução, embora não fossem
viajar para áreas de risco. "Vamos para Natal, mas com escala
em Salvador", disse Elizabeth e
Juliana Ueda, mãe e filha, que
aguardavam na fila.
"Não estão preparados para
uma demanda de vacinação.
Foram pegos de calça curta. O
ministério não fez planejamento de saúde pública", afirmou o
engenheiro Hanna Abujamra,
que esperava já há mais três horas para ser atendido.
O posto funcionou até as 14h
e quem pegou ficha até esse horário seria atendido.
Além de Congonhas, somente o aeroporto de Cumbica, as
rodoviárias Barra Funda e do
Tietê e o Instituto Pasteur, na
Paulista, faziam a vacinação
ontem em São Paulo.
No Pasteur, que atende em
média 15 pessoas por dia, o número subiu para 250 só pela
manhã. No local, apenas passageiros que viajassem para áreas
endêmicas eram vacinados.
"Estamos enlouquecidos. É
desesperador", disse a médica
Vera Camargo.
Na quarta-feira, o ministro
José Gomes Temporão (Saúde)
disse que a situação "está absolutamente sob controle."
Paciente
A mulher de 42 anos, moradora na zona sul de São Paulo,
que está internada na unidade
Morumbi do Hospital São Luiz
(zona oeste) com febre amarela, passa bem e apresentou evolução em seu quadro clínico.
No entanto, segundo boletim
médico divulgado ontem pelo
hospital, não havia previsão de
alta. A pedido da família, seu
nome não foi divulgado.
Esse é o primeiro caso de febre amarela silvestre no Estado
de São Paulo neste ano -o segundo no país-, que foi confirmado pelo Ministério da Saúde.
Ela provavelmente se infectou
durante viagem de ecoturismo
a Mato Grosso do Sul.
A mulher internada em São
Paulo havia viajado para o interior de Mato Grosso do Sul em
27 de dezembro -esteve em
Bonito e Dourados. Voltou à capital paulista em 4 de janeiro,
com febre, náuseas, vômitos e
mal-estar. Foi internada no São
Luiz dois dias depois. No hospital, passou por diversos exames, que afastaram a possibilidade de outras doenças.
Mesmo antes da confirmação, a Secretaria Municipal de
Saúde enviou agentes para a região onde a paciente mora, na
zona sul. Num raio de 600 metros da casa dela, foram procurados o Aedes aegypti, mosquito que transmite a doença na
cidade, e suas larvas. Num raio
de 200 metros, foram buscadas
pessoas com sintomas de febre
amarela. Nada foi encontrado.
A primeira vítima havia sido
confirmada na quarta-feira. O
servidor público Graco Carvalho Abubakir, 38, morador de
Brasília, morreu na terça. Teria
sido infectado em Pirenópolis
(GO). O ministério recebeu 15
notificações de febre amarela
desde dezembro. Só dois casos
estão confirmados.
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