São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

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SP tem fila de até 4 h para vacina contra febre amarela

Só uma enfermeira atendia 1.400 pessoas em Congonhas

Também houve alta procura no Instituto Pasteur, na avenida Paulista, onde o movimento subiu de 15 para 250 pessoas ontem

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de senhas de atendimentos distribuídas ontem pela manhã no posto de vacinação da Anvisa no aeroporto de Congonhas passava de 1.400. Às 12h30, 706 pessoas haviam sido vacinadas contra a febre amarela. A espera nas filas ultrapassava quatro horas.
Apenas uma enfermeira fazia aplicação da vacina no posto da Anvisa, segundo os passageiros atendidos. Diferentemente de outros postos de imunização, para ser vacinado em Congonhas não era necessário estar com viagem marcada para lugares endêmicos da doença.
Muitos dos passageiros vacinados ontem o fizeram por precaução, embora não fossem viajar para áreas de risco. "Vamos para Natal, mas com escala em Salvador", disse Elizabeth e Juliana Ueda, mãe e filha, que aguardavam na fila.
"Não estão preparados para uma demanda de vacinação. Foram pegos de calça curta. O ministério não fez planejamento de saúde pública", afirmou o engenheiro Hanna Abujamra, que esperava já há mais três horas para ser atendido.
O posto funcionou até as 14h e quem pegou ficha até esse horário seria atendido.
Além de Congonhas, somente o aeroporto de Cumbica, as rodoviárias Barra Funda e do Tietê e o Instituto Pasteur, na Paulista, faziam a vacinação ontem em São Paulo.
No Pasteur, que atende em média 15 pessoas por dia, o número subiu para 250 só pela manhã. No local, apenas passageiros que viajassem para áreas endêmicas eram vacinados.
"Estamos enlouquecidos. É desesperador", disse a médica Vera Camargo.
Na quarta-feira, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) disse que a situação "está absolutamente sob controle."

Paciente
A mulher de 42 anos, moradora na zona sul de São Paulo, que está internada na unidade Morumbi do Hospital São Luiz (zona oeste) com febre amarela, passa bem e apresentou evolução em seu quadro clínico.
No entanto, segundo boletim médico divulgado ontem pelo hospital, não havia previsão de alta. A pedido da família, seu nome não foi divulgado.
Esse é o primeiro caso de febre amarela silvestre no Estado de São Paulo neste ano -o segundo no país-, que foi confirmado pelo Ministério da Saúde. Ela provavelmente se infectou durante viagem de ecoturismo a Mato Grosso do Sul.
A mulher internada em São Paulo havia viajado para o interior de Mato Grosso do Sul em 27 de dezembro -esteve em Bonito e Dourados. Voltou à capital paulista em 4 de janeiro, com febre, náuseas, vômitos e mal-estar. Foi internada no São Luiz dois dias depois. No hospital, passou por diversos exames, que afastaram a possibilidade de outras doenças.
Mesmo antes da confirmação, a Secretaria Municipal de Saúde enviou agentes para a região onde a paciente mora, na zona sul. Num raio de 600 metros da casa dela, foram procurados o Aedes aegypti, mosquito que transmite a doença na cidade, e suas larvas. Num raio de 200 metros, foram buscadas pessoas com sintomas de febre amarela. Nada foi encontrado.
A primeira vítima havia sido confirmada na quarta-feira. O servidor público Graco Carvalho Abubakir, 38, morador de Brasília, morreu na terça. Teria sido infectado em Pirenópolis (GO). O ministério recebeu 15 notificações de febre amarela desde dezembro. Só dois casos estão confirmados.


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