São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2000


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Maioria tem casa e rejeita ajuda oficial

da Reportagem Local

A maioria dos pedintes noturnos está desempregada, mas tem casa e dispensa ajuda dos assistentes sociais, segundo perfil feito pela SAS (Secretaria Municipal da Assistência Social).
Balanço realizado pela SAS revela que apenas 30% das 18.320 pessoas abordadas à noite nos últimos quatro meses aceitaram auxílio e foram encaminhadas para albergues municipais.
De acordo com a SAS, as pessoas que aceitam ajuda são moradores de rua, que geralmente chegaram ao nível de miséria absoluta. O último censo, de 96, encontrou 5.534 moradores de rua.
No mês que vem, a Prefeitura de São Paulo vai fazer um novo censo da população de rua, incluindo o número de pedintes da cidade, dos quais não existem dados.
"É claro que os pedintes que trabalham à noite também são vítimas de um processo excludente. Se as pessoas tivessem oportunidades, elas não estariam explorando essa atividade", disse a secretária municipal da Assistência Social, Alda Marco Antonio.
"Mas isso também abre margem para a criação de uma indústria da esmola, onde existem muitos aproveitadores", disse.
Segundo a secretária, muitos pedintes são "arredios", dizem que não querem ser incomodados e chegam a agredir os assistentes sociais. Outros se disfarçam de moradores de rua e pernoitam no local para defender o território, que, segundo a secretária, ganhou um valor econômico.

Vítimas
Alda afirma que as principais vítimas da indústria da esmola são as crianças, que costumam ser exploradas por adultos ou usadas como "apelo emocional" para conseguir mais dinheiro. "Elas aprendem a ganhar dinheiro pedindo e conseguem porque comovem as pessoas", disse.
Ela afirma que esse ciclo é um dos responsáveis pela transformação dos menores pedintes em adolescentes que realizam pequenos furtos e roubos Para ela, a melhor forma de ajudar famílias carentes é realizar doações ou trabalhar como voluntário em instituições oficiais. (GN)

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