São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2000


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CARNAVAL
Modelos se submetem a operações para conquistar lugar de destaque nos desfiles
Disputa por espaço em escolas inclui até a retirada de costela

ALEXANDRE MARON
da Sucursal do Rio

A proximidade do Carnaval aquece a disputa por espaço nas escolas de samba entre as modelos, atrizes, dançarinas, socialites e celebridades. Na busca pela fama, essas mulheres usam desde as cirurgias plásticas mais comuns até a retirada de partes do corpo.
É o que Rosane Braga, 26, diz que fez. Ela afirma que se submeteu a uma cirurgia para retirar a 12ª costela e reduzir a sua cintura de 72 cm para 66 cm. O custo total da extravagância: R$ 15 mil.
Mas Rosane não parou por aí, fez também uma lipoescultura (que molda as curvas da cintura e dos quadris), uma lipoaspiração (para tirar gordura da barriga), uma cirurgia para corrigir o nariz e colocou próteses nos seios. "Meu sonho é ficar com um corpo parecido com o da Barbie."
Depois de tanto esforço, será a madrinha da ala formada por deficientes físicos "Liberdade para as Borboletas", da escola de samba Tradição. Aparecerá também como a sereia da Vila Isabel. Essas escolas são do Grupo Especial.
Rosane não é a única que fez sacrifícios para estar bonita no Carnaval. Janaína Guerra, 23, é outra modelo que se submeteu a operações plásticas. Ela gastou R$ 5.000 para tirar 1.700 ml de gordura da barriga e, aproveitando a anestesia, resolveu mudar o nariz.
Janaína é a capa da revista masculina "Ele & Ela" deste mês e foi a dançarina da vinheta de Carnaval da Manchete em 1995.
Modelos que desfilam em várias escolas em busca de fama incomodam os integrantes dessas agremiações, que dizem não gostar de vê-las se aproveitando do Carnaval para se promover.
"São umas "malas". Só lembram das escolas na época do Carnaval e só querem aparecer à nossa custa", diz o presidente da Imperatriz Leopoldinense, Wagner Tavares de Araújo.
O assédio das modelos para tentar conseguir o que querem se tornou motivo de piadas. "Quando estão faltando dez dias para o desfile, eu viro o Leonardo Di Caprio", conta o diretor social da Acadêmicos do Salgueiro, Dionizio da Costa Mendes, 30. "A gente não é de ferro, às vezes aproveita mesmo", revela.
Um dos lugares mais cobiçados é o de madrinha da bateria. A ex-modelo Luíza Brunet, 37, que está na Imperatriz Leopoldinense há seis anos, conta que é comum modelos procurarem o presidente da escola querendo o seu lugar.
"As mocinhas querem se exibir para arrumar um príncipe ou um papel na novela das oito. Estão obcecadas pela fama."
Monique Evans, outra ex-modelo, desfilou por mais de dez anos e diz que cansou do Carnaval. "Você malha durante meses para ficar com o corpo perfeito e as pessoas notam uns defeitos mínimos".
Mas não são só as modelos que precisam das escolas. As agremiações também costumam convidar celebridades para tentar emplacar algumas fotos. Desde o dia, no fim de janeiro, em que foi presa por estar na praia com os seios à mostra, Rosemeri Moura da Costa, 34, se tornou uma espécie de musa do topless no verão carioca.
"Recebi um convite para desfilar na Acadêmicos do Cubango, no sábado. É o máximo ficar tão famosa de repente. Já disse ao meu marido que, se eu estiver sonhando, é para ele não me acordar", conta Rosemeri.


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