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Brecha pode permitir exploração de áreas públicas
DA REPORTAGEM LOCAL
O artigo 28 do projeto de lei
afirma que poderá haver anúncios de nove metros de altura e 36
m2 em áreas como os canteiros laterais das ruas -ou servidões da
rede de transportes. Hoje, isso é
proibido, apesar de ser comum na
Radial Leste, por exemplo.
A possibilidade de exploração
de área pública é controversa,
pois pode caracterizar desvio de
finalidade obter lucro pela exploração de um bem público.
Para vigorar, porém, o artigo
precisa de regulamentação, pois
não há previsão no texto de quanto seria cobrado por isso.
Parada de ônibus e banheiro
Além da área pública, há ainda
uma lista generosa de novos suportes de propaganda, como 24
itens de mobiliário urbano, entre
os quais, paradas de ônibus e sanitários. A previsão consta também de uma lei de 29 de janeiro.
A licitação para concessão da
exploração dessa propaganda
prevê que mais de 18 mil peças recebam os anúncios -a maioria
pontos de ônibus.
Descontentes com o projeto, os
urbanistas afirmam que ele, além
de piorar a situação existente e
anistiar irregularidades, não mexe no cerne do problema: a fiscalização. "Não precisa de lei nova.
Falta ação fiscalizatória", diz a arquiteta Regina Monteiro, da ONG
Defenda São Paulo.
No começo da atual gestão, a
prefeitura chegou a tarjar outdoors irregulares, mas muitos deles seguem expostos até hoje. Na
raiz da insistência está o baixo valor das multas -que vão de R$
800 para R$ 1.000 no projeto e dobram na reincidência. Elas somam por mês cerca de 10% do
que os donos das estruturas recebem dos anunciantes no período.
Uma prova disso vem com os
números da própria prefeitura.
De setembro a dezembro, o "Tigrão" (veículo com câmera que
fiscaliza a publicidade) percorreu
4.000 quilômetros de 1.500 ruas.
Aplicou 10.362 multas.
"Se houver realmente uma fiscalização, o número de anúncios
nas ruas irá diminuir, mas, mesmo assim, será muito mais do que
a atual lei permite", diz o vereador
Nabil Bonduki (PT), único parlamentar a votar contra o projeto.
"As últimas decisões da Câmara
Municipal têm sido lamentáveis",
considera Gilberto Belleza, presidente do Instituto dos Arquitetos
do Brasil. "A propaganda de rua é
compulsória. Você é obrigado a
vê-la. Quem observa São Paulo
pensa: "Isso é um mercado persa'", completa Rogério Batagliesi.
(SD e SC)
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