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entrevista
Ela está com muito medo de tudo, diz noivo
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista suíço Marco
Trepp, que ficou noivo de
Paula Oliveira na semana
passada, afirmou ontem à
Folha que a recuperação
psicológica depois do crime
preocupa mais a família do
que as consequências físicas
da sessão de tortura.
Os médicos dizem que ela
não corre risco de morte e,
dentro de alguns meses, é
provável que nem esteja
mais com as marcas de estilete pelo corpo -há cortes
nas pernas e barriga.
De acordo com o cirurgião
plástico Gustavo Duarte, do
Hospital Sírio-Libanês, ela
não deverá ter cicatrizes.
"Pelo que vi [por fotos], os
ferimentos foram bem superficiais, tanto que não foram suturados", diz.
"Eles podem deixar marcas [atualmente], mas é diferente de cortes profundos.
Se ela tiver uma boa cicatrização, ferimentos superficiais como esses podem melhorar a ponto de se tornarem imperceptíveis", afirma
o cirurgião.
A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha por
Marco Trepp, de Dübendorf,
por telefone.
FOLHA - Como está sendo a recuperação de Paula?
MARCO TREPP - Ela está numa
fase de pós-trauma, com
muito medo de tudo, especialmente de andar na rua.
Tivemos que levá-la de volta
ao hospital devido a infecções, mas não parece nada
tão grave. O problema é a cabeça dela. À noite, ela está
tendo muitos pesadelos. Não
consegue dormir direito.
Acorda suada, gritando.
Estamos cercados não só
de médicos, mas de psicólogos, para que ela fique mais
tranquila. É uma situação
muito triste.
FOLHA - Como foi atender ao telefonema de socorro?
TREPP - É tudo tão maluco...
Fico triste, revoltado! Na hora, fiquei muito preocupado.
Mas ela está ficando OK. Eu a
pedi em casamento na semana passada. Falei: "Estamos
apaixonados, vamos ser pais,
está na hora de nos casarmos". As nossas filhas, que
eram parte disso, foram embora, mas é claro que continuo muito apaixonado.
FOLHA - Tudo leva a crer em crime de xenofobia?
TREPP - Não quero falar sobre isso, porque não é possível saber. A polícia não nos
contou o que está acontecendo, infelizmente. Foi muito
pesado sofrer o que sofremos
e me concentro agora em
cuidar bem dela.
(DANIEL BERGAMASCO e VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
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