São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

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entrevista

Ela está com muito medo de tudo, diz noivo

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista suíço Marco Trepp, que ficou noivo de Paula Oliveira na semana passada, afirmou ontem à Folha que a recuperação psicológica depois do crime preocupa mais a família do que as consequências físicas da sessão de tortura.
Os médicos dizem que ela não corre risco de morte e, dentro de alguns meses, é provável que nem esteja mais com as marcas de estilete pelo corpo -há cortes nas pernas e barriga. De acordo com o cirurgião plástico Gustavo Duarte, do Hospital Sírio-Libanês, ela não deverá ter cicatrizes.
"Pelo que vi [por fotos], os ferimentos foram bem superficiais, tanto que não foram suturados", diz. "Eles podem deixar marcas [atualmente], mas é diferente de cortes profundos. Se ela tiver uma boa cicatrização, ferimentos superficiais como esses podem melhorar a ponto de se tornarem imperceptíveis", afirma o cirurgião. A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha por Marco Trepp, de Dübendorf, por telefone.

FOLHA - Como está sendo a recuperação de Paula?
MARCO TREPP
- Ela está numa fase de pós-trauma, com muito medo de tudo, especialmente de andar na rua. Tivemos que levá-la de volta ao hospital devido a infecções, mas não parece nada tão grave. O problema é a cabeça dela. À noite, ela está tendo muitos pesadelos. Não consegue dormir direito. Acorda suada, gritando. Estamos cercados não só de médicos, mas de psicólogos, para que ela fique mais tranquila. É uma situação muito triste.

FOLHA - Como foi atender ao telefonema de socorro?
TREPP
- É tudo tão maluco... Fico triste, revoltado! Na hora, fiquei muito preocupado. Mas ela está ficando OK. Eu a pedi em casamento na semana passada. Falei: "Estamos apaixonados, vamos ser pais, está na hora de nos casarmos". As nossas filhas, que eram parte disso, foram embora, mas é claro que continuo muito apaixonado.

FOLHA - Tudo leva a crer em crime de xenofobia?
TREPP
- Não quero falar sobre isso, porque não é possível saber. A polícia não nos contou o que está acontecendo, infelizmente. Foi muito pesado sofrer o que sofremos e me concentro agora em cuidar bem dela. (DANIEL BERGAMASCO e VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)


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