São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

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Polícia diz saber quem deu trote em grávida

Delegado afirma, entretanto, que a estudante suspeita de ter jogado a mistura química em calouros não foi ouvida

Em Catanduva, calouros de medicina tiveram de baixar as calças enquanto participavam de um trote em cima de um viaduto

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Civil de Santa Fé do Sul (625 km de São Paulo) disse já ter identificado a estudante suspeita de jogar o líquido que causou queimaduras em uma jovem de 18 anos, grávida de três meses, durante um trote.
Além de Priscilla Muniz, estudante do primeiro ano do curso de análise e desenvolvimento de sistemas, uma aluna de letras, de 17 anos, também registrou boletim de ocorrência afirmando ter sofrido queimaduras no trote dos veteranos da Funec (Fundação Municipal de Educação e Cultura), na noite de segunda-feira.
O delegado Gervásio Fávaro disse que a estudante suspeita de ter jogado a mistura química em Priscilla não foi ouvida. Ele não revelou o nome dela.
A polícia investiga se outros dois alunos que não registraram boletim de ocorrência ficaram feridos no trote.
A Folha localizou um deles. O estudante do curso de gestão ambiental Adrian Souza, 20, afirmou ter tido queimaduras na barriga durante o trote, em frente à instituição de ensino.
"Vi a menina abrindo uma garrafa e "tacando" o líquido em mim. No outro dia, minha barriga estava queimada, uma mancha. Meu médico disse que eu vou ficar com a marca [da queimadura] para toda a vida."
Souza disse que suspeita que a mesma jovem que jogou o líquido nele tenha atirado o composto em Priscilla.
Grávida de três meses, Priscilla teve queimaduras nas costas, braços e pernas após a estudante da Funec ter jogado uma mistura de tíner e creolina em seu corpo. Priscilla chegou a ser internada por causa das queimaduras. O bebê que ela espera não corre riscos.
A Funec disse que um procedimento administrativo foi instaurado. Afirmou também que aguarda as conclusões da polícia e que o trote é proibido dentro da instituição de ensino.

Fotos na internet
Em Catanduva (385 km de SP), calouros de medicina das Faculdades Integradas Padre Albino tiveram de baixar as calças enquanto participavam de um trote em cima de um viaduto da cidade, na segunda. As cenas foram parar na internet.
O coordenador do curso, José Alves de Freitas, disse que a instituição proíbe o trote desde 2004. Ele afirmou que a faculdade vai tentar identificar os veteranos que participaram do trote, sujeitos até a expulsão.
Em Leme (189 km de SP), dois estudantes foram indiciados sob suspeita de agredirem o calouro Bruno César Ferreira, 21, na segunda. Ele afirmou que foi submetido a chicotadas, entre outros maus-tratos. Em depoimento, os acusados negaram as agressões.


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