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SEGURANÇA
Desse grupo, 8 soldados teriam cometido abusos contra moradores do Parque Novo Mundo
Vítimas apontam 10 PMs ao ouvidor
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Ouvidoria da Polícia de São
Paulo vai investigar um grupo de
dez policiais militares, entre eles
dois tenentes, supostamente envolvido em arbitrariedades ocorridas no Parque Novo Mundo, zona norte de São Paulo.
Os nomes foram relacionados
ontem pelas supostas vítimas ao
ouvidor da polícia, Itajiba Farias
Ferreira Cravo. Eles pertenceriam, na época dos abusos, à Força Tática do 5º Batalhão da PM
-mesma unidade da qual faziam
parte os policiais que mataram o
dentista Flávio Ferreira de Sant'Ana, no mês passado, e tentaram
forjar provas contra ele- e à 6ª
Companhia, que fica no local.
Oito soldados citados foram
apontados como autores dos abusos. Os dois tenentes entraram na
lista porque, segundo Cravo, estariam fazendo investigações sobre
o caso sem autorização, o que
também os colocaria sob suspeita.
Entidades de direitos humanos,
associações de moradores do Parque Novo Mundo e a Ouvidoria
denunciam agressões supostamente praticadas por PMs, invasões de domicílio, tentativas de
forjar provas e indícios de assassinatos de adolescentes.
Segundo Cravo, os nomes dos
policiais e até números de identificação de carros da polícia supostamente envolvidos em ações irregulares serão encaminhados à
Corregedoria da PM. A Ouvidoria
da Polícia também está apurando
se esses policiais foram alvos de
outras denúncias.
Parte dos policiais suspeitos, de
acordo com o ouvidor, foi transferida para outro batalhão da PM.
"Queremos saber por que isso
ocorreu", diz.
O ouvidor também quer saber
por que os oficiais foram ao Parque Novo Mundo se a investigação está sendo realizada pela Corregedoria. "Se tivesse um IPM
[Inquérito Policial Militar], ele teria sido feito pelo batalhão, e não
pela companhia a qual pertencem", afirma Cravo.
Anteontem, quando as denúncias foram publicadas pela primeira vez, um tenente foi até a casa do presidente da Associação
dos Moradores e Amigos do Parque Novo Mundo, Cícero Pinheiro do Nascimento.
Segundo o líder, o oficial queria
conversar com ele sobre as denúncias e levá-lo até a 6ª Companhia. De acordo com o ouvidor, o
tenente estava acompanhado por
um soldado, que também foi
apontado pelos moradores como
um dos autores dos abusos.
O Movimento Nacional dos Direitos Humanos também vai auxiliar na identificação dos policiais. A entidade está colhendo informações sobre os casos e pretende encaminhar as vítimas para
o reconhecimento dos suspeitos
na Corregedoria.
Segundo João Frederico dos
Santos, coordenador nacional do
movimento, o CDDPH (Conselho
dos Direitos de Defesa da Pessoa
Humana) deve discutir a situação
do Parque Novo Mundo na próxima terça-feira.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirmou que a
Polícia Militar não compactua
com ações de maus policiais e
que, se comprovadas as irregularidades, os PMs serão punidos.
Segundo a assessoria de imprensa, a secretaria "colabora
com os órgãos de controle externo em todos os casos investigados". Dois inquéritos policiais militares foram instaurados para
apurar as mortes de dois adolescentes no Parque Novo Mundo e
enviados à Justiça.
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