São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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Espanha dará "trégua" a turistas, diz Amorim

Ministro das Relações Exteriores afirmou que acerto com seu colega espanhol valerá até a reunião prevista para abril

Até o encontro entre as chancelarias, a ser marcado, governo espanhol deverá abrandar a aplicação das regras para os brasileiros

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse ontem que acertou com o governo da Espanha uma espécie de "trégua" na rigidez contra a entrada de brasileiros no país até o início de abril. No próximo mês, segundo o ministro, as chancelarias espanhola e brasileira se reunirão para discutir a possibilidade de adotar novos procedimentos de controle migratório entre os dois países.
A "trégua" foi acertada em um telefonema entre Amorim e seu colega espanhol, Miguel Ángel Moratinos, ontem pela manhã. Representa uma primeira tentativa de entendimento desde o início da crise provocada pela expulsão de estudantes brasileiros que passariam por Madri a caminho de congressos em Portugal.
"Não lembro se [Moratinos] usou especificamente a palavra trégua. Eu interpreto como uma trégua, como uma mitigação do que vem ocorrendo recentemente", disse Amorim na Comissão de Relações Exteriores do Senado ontem. Procurada pela Folha, a Embaixada da Espanha em Brasília confirmou o telefonema e o abrandamento das regras para os turistas brasileiros.
Os dois chanceleres concordaram que é preciso avaliar a rigidez dos espanhóis em relação à entrada de turistas do Brasil -em fevereiro, a média diária de brasileiros "inadmitidos" na Espanha foi de 15, contra seis em 2006.
A reunião bilateral precisa aguardar, porém, a formação do novo gabinete de José Luis Zapatero, primeiro-ministro reeleito no domingo, o que deve ocorrer no início de abril.
Até lá, o chanceler Moratinos se comprometeu a conversar com o ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcalba, e pedir um abrandamento na aplicação das regras de imigração em vigor. As regras são impostas pela União Européia, mas sua aplicação varia de país a país.
"Vamos ver, examinar e vigiar. O chanceler deu a entender que fará um esforço para que não haja problemas, mas não disse se evitarão todas [as negativas] ou algumas. O ideal é que não houvesse nenhuma", disse Amorim.
O aumento de brasileiros inadmitidos na Espanha ganhou repercussão quando a mestranda em física da USP Patrícia Camargo Magalhães foi barrada, no início de fevereiro. No último dia 5, os alunos de mestrado do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) Patrícia Rangel e Pedro Luiz Lima também foram barrados.
Um dia depois desse segundo caso, espanhóis começaram a ser barrados em aeroportos brasileiros. Até ontem, 24 casos tinham sido registrados.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, reafirmou ontem que o governo brasileiro vai tratar com rigor a entrada de espanhóis no país. "Vamos exercer com toda a plenitude, com todo o rigor a nossa soberania."

Salvador
A Polícia Federal na Bahia passou a inspecionar todos os estrangeiros que chegam ao Brasil pelo aeroporto internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador.
Antes, o procedimento era feito por amostragem -a cada grupo de dez turistas, um era submetido a vistoria.
Foi nesse aeroporto que ocorreu, no dia 6, a primeira expulsão de espanhóis após a crise com os alunos brasileiros barrados em Madri.


Colaboraram SILVANA DE FREITAS, da Sucursal de Brasília, e LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha, em Salvador

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