São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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PF buscava motivo para barrar, diz espanhol

Pedro Hernández afirma que policiais pediram que saíssem de fila da imigração e, sem explicação, os mandaram de volta à Espanha

Segundo ele, um turista que falava espanhol chegou a ser "inadmitido", mas pôde entrar no Brasil depois de comprovar que era irlandês

DANIEL KAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

Mais uma manhã no aeroporto de Barajas (Madri), ontem, com a chegada de três vôos do Brasil. Como ocorre nos últimos dias, pelo menos um deles traz espanhóis barrados pela Polícia Federal brasileira.
Em frente ao local de desembarque, é fácil identificar os brasileiros. Tensos, não sabem se seus amigos e parentes conseguirão entrar na Espanha.
Um senhor que aparenta ter 60 anos chega ao saguão dizendo que foi expulso do Brasil. Ele se recusa a dar o nome, mas conta como foi ter sido inadmitido no aeroporto de Salvador na última terça-feira, com outros dois espanhóis.
"Recusaram minha entrada porque não tinha passagem de volta. Sou aposentado, passo três meses em Maceió e seis em Madri. Tinha ido buscar uns documentos porque vou me casar com uma brasileira."
Ontem, os jornais espanhóis começaram a dar destaque ao assunto, principalmente para Pedro José Hernández, 38, inadmitido no aeroporto do Galeão na segunda. Segundo ele, os policiais federais pediram que os espanhóis saíssem da fila, pegaram seus passaportes e os devolveram depois com a ordem de retornar à Espanha.
De acordo com Hernández, um turista que falava espanhol chegou a ser impedido de entrar, mas foi admitido no país após provar que era irlandês.
"Perguntaram quem era espanhol e nos puseram de lado.
Pegaram nossos passaportes e, quando voltaram, disseram que não poderíamos entrar porque não tínhamos a documentação em ordem", disse Hernández, ressaltando que, em nenhum momento, perguntaram-lhe se tinha passagem de volta ou dinheiro. "Procuravam um pretexto para não nos admitir."
Hernández trabalha para uma transportadora e viajava a negócios. "Já fui ao Brasil cinco ou seis vezes a trabalho nos últimos cinco anos e nunca tive problemas. Entendo que haja problemas entre os governos, mas as pessoas não têm culpa."
Ontem, o jornal "El Mundo", que tem a segunda maior circulação do país, publicou uma reportagem de quase uma página com a história de Hernández. O "El País", jornal mais vendido na Espanha, publicou uma retrospectiva da crise. Já o "Público" fez uma reportagem de duas páginas em tom de denúncia contra as autoridades espanholas de imigração.


Colaborou CATALINA ARICA


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