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PF buscava motivo para barrar, diz espanhol
Pedro Hernández afirma que policiais pediram que saíssem de fila da imigração e, sem explicação, os mandaram de volta à Espanha
Segundo ele, um turista que falava espanhol chegou a ser "inadmitido", mas pôde entrar no Brasil depois de comprovar que era irlandês
DANIEL KAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI
Mais uma manhã no aeroporto de Barajas (Madri), ontem, com a chegada de três vôos
do Brasil. Como ocorre nos últimos dias, pelo menos um deles traz espanhóis barrados pela Polícia Federal brasileira.
Em frente ao local de desembarque, é fácil identificar os
brasileiros. Tensos, não sabem
se seus amigos e parentes conseguirão entrar na Espanha.
Um senhor que aparenta ter
60 anos chega ao saguão dizendo que foi expulso do Brasil. Ele
se recusa a dar o nome, mas
conta como foi ter sido inadmitido no aeroporto de Salvador
na última terça-feira, com outros dois espanhóis.
"Recusaram minha entrada
porque não tinha passagem de
volta. Sou aposentado, passo
três meses em Maceió e seis em
Madri. Tinha ido buscar uns
documentos porque vou me casar com uma brasileira."
Ontem, os jornais espanhóis
começaram a dar destaque ao
assunto, principalmente para
Pedro José Hernández, 38,
inadmitido no aeroporto do
Galeão na segunda. Segundo
ele, os policiais federais pediram que os espanhóis saíssem
da fila, pegaram seus passaportes e os devolveram depois com
a ordem de retornar à Espanha.
De acordo com Hernández,
um turista que falava espanhol
chegou a ser impedido de entrar, mas foi admitido no país
após provar que era irlandês.
"Perguntaram quem era espanhol e nos puseram de lado.
Pegaram nossos passaportes e,
quando voltaram, disseram que
não poderíamos entrar porque
não tínhamos a documentação
em ordem", disse Hernández,
ressaltando que, em nenhum
momento, perguntaram-lhe se
tinha passagem de volta ou dinheiro. "Procuravam um pretexto para não nos admitir."
Hernández trabalha para
uma transportadora e viajava a
negócios. "Já fui ao Brasil cinco
ou seis vezes a trabalho nos últimos cinco anos e nunca tive
problemas. Entendo que haja
problemas entre os governos,
mas as pessoas não têm culpa."
Ontem, o jornal "El Mundo",
que tem a segunda maior circulação do país, publicou uma reportagem de quase uma página
com a história de Hernández. O
"El País", jornal mais vendido
na Espanha, publicou uma retrospectiva da crise. Já o "Público" fez uma reportagem de
duas páginas em tom de denúncia contra as autoridades espanholas de imigração.
Colaborou CATALINA ARICA
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