RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje à noite, serão entregues os primeiros diplomas da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares, de São Paulo. Cerca de 90% dos alunos que participarão da colação de grau são negros autodeclarados.
A Unipalmares, como a universidade é conhecida, começou a funcionar em 2004, com a missão de incluir os negros brasileiros no ensino superior. É a única universidade com esse perfil na América Latina. Metade das vagas do vestibular é reservada para negros.
A cerimônia de hoje contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do governador José Serra (PSDB) e do prefeito Gilberto Kassab (DEM), entre outras autoridades. Lula será o patrono da turma.
Segundo o IBGE, os negros (pretos e pardos) são cerca de 46% da população brasileira. Essa proporção, porém, não se mantém no acesso à educação. Na USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, aproximadamente 10% dos alunos de graduação são negros.
No total, a Unipalmares tem 2.000 alunos. A primeira turma de formandos é do curso de administração. São 126 estudantes, dos quais 110 são negros.
Entre eles, está Andresa Amaral Santos, 24. Ela mora com os pais e os quatro irmãos em Carapicuíba, cidade pobre da região metropolitana de São Paulo. Andresa estudou a vida inteira em escola pública e sempre quis ter um diploma.
Ela chegou a ser aprovada numa faculdade particular. "Por questões financeiras, não comecei o curso. A mensalidade era de R$ 600", diz. "Fiquei sabendo da Unipalmares pelo rádio. Me chamou atenção o valor da mensalidade."
As mensalidades são de R$ 327 para o curso de administração e de R$ 350 para o de direito, mais baratas que as cobradas pelas demais instituições de São Paulo. Os cursos são noturnos, para que os alunos possam trabalhar durante o dia.
Antes mesmo de receber o diploma de administração, ela foi contratada por um dos principais bancos privados do país.
A universidade, que fica na Barra Funda (zona oeste), foi criada pela organização não-governamental Afrobrás. "Estamos, aos poucos, vencendo as dificuldades, como esse mercado, que briga por cada aluno, e a incompreensão de parte da sociedade. Ainda há um grau de racismo no país", diz o reitor da Unipalmares, José Vicente.
O nome Zumbi é uma homenagem ao negro que se tornou, no século 17, herói da resistência à escravidão.


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