São Paulo, sexta-feira, 13 de março de 2009

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Onda de assaltos assusta turistas e moradores de Santa Teresa

Somente nesta semana, no intervalo de 60 horas, 3 imóveis foram roubados

FÁBIO GRELLET
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Casarões antigos que abrigam ateliês ou restaurantes, trânsito de bondes, ladeiras tortuosas e estreitas: quem passeia por Santa Teresa, bairro de 42 mil moradores no centro do Rio, imagina um cenário de tranquilidade.
Mas o bairro, frequentado por turistas, virou alvo de assaltantes. Só nesta semana, no intervalo de aproximadamente 60 horas, três imóveis foram roubados -em um dos crimes, duas jovens dizem ter sido estupradas pelos bandidos. Até ontem, havia sido detido um acusado -um adolescente de 14 anos que invadiu uma casa e não conseguiu roubar nada.
A sequência de assaltos começou na segunda-feira, quando seis homens armados com facas e pistolas pularam o muro de uma casa, renderam uma moradora de 53 anos e fugiram levando US$ 1.500 e equipamentos eletrônicos. À 1h de anteontem uma quadrilha invadiu um casarão que abriga moradores fixos e é alugado para festas. Duas moradoras, de 19 e 24 anos, disseram à polícia que foram estupradas e mantidas reféns por duas horas.
O grupo recolheu objetos e foi para outro andar, onde rendeu um casal de funcionários. Os bandidos fugiram no Chevette do casal. A polícia investiga se algum morador abriu a porta do imóvel, que não tem sinal de arrombamento.
O terceiro roubo ocorreu às 6h de ontem. Um adolescente de 14 anos entrou em uma casa passando pelo vão do vitrô e abriu a porta para um jovem.
A moradora tentou reagir, porque acreditou que os assaltantes estavam desarmados. O adolescente jogou um castiçal contra a vítima, que teve um corte na cabeça. O acusado foi detido e o comparsa -que, segundo o adolescente contou à polícia, tem 19 anos- chegou a ser perseguido, mas fugiu.
Segundo a polícia, o adolescente foi detido seis vezes por assaltos semelhantes, todos em bairros do centro do Rio, mas sempre liberado pela Justiça. Agora ele aguarda decisão da Vara da Infância e da Juventude, que pode interná-lo.
Ontem à noite haveria uma reunião dos moradores de Santa Teresa com a Polícia Militar, que decidiu colocar mais policiais nas ruas. No bairro, a PM dispõe de cinco carros, quatro cabines e 20 agentes.
Muitos estrangeiros moram no local. O argentino Márcio Blanca, 25, há três anos no bairro, diz ter se adaptado à violência. Segundo ele, os moradores não descem a pé para a Lapa [situada ao pé do morro] à noite. "Sozinho eu desço a pé, mas com a minha namorada, até para andar do largo dos Guimarães ao largo do Curvelo [cerca de um quilômetro] pego táxi."


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