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15 "reprovadas" se tornam "adequadas"
Instituições nos patamares mais baixos são fiscalizadas pelo MEC e, se não se adequarem, podem até fechar as portas
Em São Paulo, Unisa (capital) e Unar (de Araras) deixaram de aparecer como "reprovadas" na lista divulgada pelo MEC
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após detectar erros em dados e mudar critérios de avaliação, o Ministério da Educação
alterou as notas de quase metade das instituições de ensino
superior do país -divulgadas
em setembro de 2009.
No total, 40% tiveram aumento de nota, 8,5% caíram e
51,5% se mantiveram.
Ao menos 15 escolas antes tidas como "reprovadas" (patamares 1 e 2) passaram ao nível
"adequado" (3, 4 e 5). O número
representa 3% do total de instituições que estavam em situação preocupante. Em São Paulo, por exemplo, saíram dos níveis mais baixos Unisa (capital)
e Unar (de Araras).
As escolas nos patamares de
reprovação são supervisionadas pelo governo, que avalia in
loco as condições dos cursos e
pode determinar o que precisa
ser feito para melhoria. Se não
se adequar, pode ter de fechar
as portas.
As alterações foram feitas no
indicador chamado IGC (Índice Geral de Cursos), que sintetiza o conhecimento de alunos
numa prova (Enade), titulação
de docentes, infraestrutura etc.
As notas das instituições mudaram por dois motivos. Um
deles é o reconhecimento de
que havia erros nos dados utilizados como fonte do indicador.
As escolas consultadas pela reportagem apontaram divergências em relação ao número de
docentes com doutorado, mestrado e com dedicação integral.
Além disso, o Inep (instituto
de pesquisas do Ministério da
Educação) mudou critérios que
formavam o indicador. Entre
eles está a escolha de dados
mais recentes na avaliação da
pós-graduação.
A diretora de avaliação de ensino superior do Inep, Iguatemy de Lucena, disse, via assessoria de imprensa, que a alteração dos critérios foi decidida após a análise dos recursos.
Alguns pedidos, afirma, poderiam deixar o indicador mais
completo e atualizado, e foram
estendidos a todas as escolas.
"A construção de indicadores
de qualidade, assim como toda
avaliação, é um processo dinâmico. As implicações são positivas do ponto de vista dos novos resultados gerados a partir
da análise dos recursos", afirmou. O órgão recebeu 446 recursos; 111 foram acatados.
Críticas
"Revisar os dados depois de
publicado é grave. A instituições já foram condenadas publicamente, é difícil reverter",
diz o diretor-executivo do Semesp (sindicato das universidades particulares de SP), Rodrigo Capelato.
"Os erros mostram a fragilidade do sistema." Capelato diz
que o erros são "especialmente
graves" porque o IGC é utilizado como base para liberação de
empréstimo no BNDES ou participação do Fies (financiamento estudantil).
O IGC é divulgado de duas
formas. Na primeira, as instituições entram em uma escala
de 0 a 500 pontos. Nessa medida, quase metade teve alteração
nas notas. Depois, a pontuação
é convertida em uma escala de 1
a 5. As que ficam no 1 e 2 têm
supervisão do governo. Por esse critério, 96% das instituições
ficaram no mesmo nível, 3,5%
aumentaram e 0,5% recuaram.
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