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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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EM RITMO CONCRETO

Secretário diz que obras não têm intuito eleitoral, mas PT estadual usará os escolões em programa

Prefeitura quer entregar 19 CEUs neste ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Até o final deste ano, a prefeitura pretende entregar 19 dos 21 CEUs (Centros Educacionais Unificados) planejados. O secretário municipal de Comunicação Social, José Américo Dias, planeja uma campanha publicitária para divulgar a obra, mas afirma que não pretende fazer marketing eleitoral com os escolões, como são chamados os CEUs.
Um dos primeiros alvos da propaganda da prefeitura foi o ministro da Educação, Cristovam Buarque. No final do mês passado, quando o ministro visitou a cidade, a prefeita Marta Suplicy apresentou-lhe o CEU na Cidade Tiradentes, extremo da zona leste.
Na ocasião, o ministro elogiou a iniciativa e cogitou a hipótese de o governo federal adotar o modelo dos Centros Educacionais Unificados em outros Estados. Para Cristovam, uma das principais qualidades do empreendimento da prefeitura é o vínculo entre educação e cultura.
A criação dos CEUs foi concebida ainda em 2001, primeiro ano de governo de Marta Suplicy. Porém, por falta de recursos, a iniciativa ficou parada. Somente no final do ano passado é que os alicerces foram erguidos.
A intenção era erguer 45 até o final do próximo ano, mas os recursos não dão para tanto. Essa é a obra de maior expressão visual da administração Marta.
Com 13 mil metros quadrados de área construída em média, os escolões vão reunir num só local creches, escolas de educação infantil, ensino fundamental e infra-estrutura para atividades esportivas (duas piscinas e quadra, por exemplo) e culturais, como bibliotecas e um centro comunitário com computadores com acesso à internet.
Os locais escolhidos pela prefeitura para a construção dos escolões são, invariavelmente, na periferia. Em Capela do Socorro, zona sul, por exemplo, estão sendo erguidos quatro. Quem chega de carro espanta-se com a aparição, no meio de uma paisagem marcada pela cor cinza dos blocos das casas, de um prédio imponente, porém quase escondido.
De acordo com a prefeitura, os CEUs irão abrir cerca de 52 mil vagas e a intenção é que funcionem 24 horas por dia.
Ainda segundo a prefeitura, é a gestão comunitária que diferenciará esse projeto de outros similares, como os Cieps (Centros Integrados de Educação Pública), criados pelo ex-governador do Rio Leonel Brizola, ou os Ciacs (Centros Integrados de Atendimento à Criança e ao Adolescente), construídos pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Com exceção da parte escolar (salas de aula e creches), todo o resto deverá ser administrado por um conselho gestor.

Investimento
O secretário de Comunicação admite que neste ano a prefeitura pretende investir mais em obras, mas nega que elas possuam algum caráter eleitoral.
"A prefeita afasta qualquer debate no governo sobre a sucessão municipal", disse ele. "Não fazemos um trabalho pensando em reeleição."
Mesmo assim, a prefeitura programou uma campanha publicitária que será veiculada na TV, rádio e em folhetos para divulgar a entrega dos primeiros CEUs, prevista para maio.
"Será uma campanha dirigida para o usuário dos CEUs, ou seja, os alunos e seus familiares", declarou Dias.
De acordo com o secretário, os investimentos em obras de maior visibilidade a partir deste ano, mais que um apelo político, têm uma explicação financeira.
"No primeiro ano da administração [2001" passamos por um momento difícil, com falta de recursos", afirmou. Naquele ano, a prefeitura investiu menos de 2% do Orçamento, algo em torno de R$ 120 milhões.
Isso aconteceu, entre outros motivos, porque alguns financiamentos previstos pelo ex-prefeito Celso Pitta acabaram não sendo realizados.
Em 2002, segundo Dias, o esforço maior da administração foi expandir os programas sociais. O Renda Mínima, por exemplo, que em 2001 teve uma dotação orçamentária de R$ 60 milhões, em 2002 consumiu R$ 160 milhões.

Finanças
Neste ano, porém, o Orçamento irá permitir que a prefeitura amplie seus investimentos em obras de maior visibilidade. "Isso porque as finanças já estão equilibradas", afirma o secretário.
Além disso, outro fator que está contribuindo para a retomada de obras é a liberação de investimentos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para projetos como o que prevê a reurbanização do centro.
José Américo Dias, porém, afasta o caráter de marketing político que as obras visíveis possam provocar. "É um círculo normal do governo", diz.
O secretário afirmou que "é o partido quem tem de trabalhar do ponto de vista eleitoral, e não a prefeitura".
E o partido deverá fazê-lo. No dia 18, o PT estadual passa a fazer inserção política na televisão e a prefeita e os CEUs serão uma das estrelas do programa.


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