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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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SAÚDE
Frio aumenta risco de pneumonia "atípica"

Aglomeração em locais fechados e dificuldade de dispersão de poluentes facilitam inalação de agentes da doença

DA REPORTAGEM LOCAL

O que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, 66, o humorista Chico Anysio, 72, o ator Antônio Fagundes, 53, têm em comum? Todos já fizeram parte do contingente de 2 milhões de brasileiros que, por ano, são vítimas de algum tipo de pneumonia.
A chegada das estações mais frias (outono e inverno) aumenta ainda mais o risco de contrair a doença, especialmente as chamadas pneumonias "atípicas", que não são causadas por bactérias (das quais a mais conhecida é o pneumococo), mas por vírus e outros microorganismos que se propagam pelo ar e encontram em lugares fechados e pouco ventilados um ambiente bastante propício para sua disseminação.
Embora não apresentem disparidades em relação à forma de se manifestar nem à capacidade de causar danos à saúde, as pneumonias bacteriana e "atípicas" têm uma diferença básica. Enquanto a primeira é combatida por antibióticos, a segunda só pode ser curada pelo tempo, afinal não há remédios que matem os vírus.
Nesse caso, resta direcionar os cuidados médicos para o estado geral do paciente -o que pode ser um perigo extra para quem pertence ao grupo de risco das pneumonias: idosos, portadores de doenças crônicas e pessoas que têm o sistema de defesa comprometido por fatores como Aids ou uso de certos medicamentos.
Pneumologistas ouvidos pela Folha afirmam que a temperatura é um dos fatores determinantes nos surtos de pneumonia.
"No inverno, é mais comum contrair gripes, que podem evoluir para pneumonias, e é mais comum haver aglomerações. O frio também influi, mas isso é algo que a medicina constatou e não sabe explicar", diz o presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Carlos Alberto de Castro Pereira.
"Além do ar frio, que irrita mais as vias respiratórias, no inverno as condições atmosféricas costumam não ser favoráveis à dispersão de poluentes e, portanto, dos microorganismos que estão no ar", afirma o pneumologista Carlos Carvalho, supervisor do serviço de pneumologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Embora possa se agravar e até levar à morte, a pneumonia é uma doença oportunista, que só surge e só se complica se as defesas do corpo estiverem abaladas, explica o coordenador do pronto atendimento em pneumologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Clystenes Soares Silva.
A bacteriana não é contagiosa. As bactérias estão geralmente no próprio organismo (na garganta, por exemplo), se desprendem e são aspiradas para os pulmões- fenômeno que ocorre com 45% das pessoas e pode acontecer durante um sono pesado, quando os reflexos do organismo estão menos alertas. Nas "atípicas", os agentes estão no ar e são inalados, indo também para o pulmão.
As mortes não chegam a 5% dos casos e se concentram no grupo de risco. No Brasil, o índice de mortalidade foi de 3,7% em 2000.

Vacina
A grande arma na prevenção contra as pneumonias é a vacinação contra a própria doença e contra a gripe. Elas respondem pela redução de até 65% na incidência da doença, diz Pereira.
É à vacinação que a Funasa (Fundação Nacional da Saúde) atribui a estabilização no número de mortes e a queda das internações por pneumonia no país. Segundo o órgão, o momento ideal para tomar as vacinas é agora porque, quando o inverno chegar, a proteção já estará garantida.
A vacinação de idosos contra gripe vai até o dia 30. Já a vacina contra pneumonia (do tipo bacteriana) pode ser tomada em postos de saúde. Os portadores de doenças crônicas e que tenham alterações no sistema imunológico devem procurar o Crie (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais), cujos endereços estão no www.funasa.gov.br/imu/ cries.htm. (MARIANA VIVEIROS)


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