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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Problemas no SUS levam o Brasil a internar demais

DA REPORTAGEM LOCAL

Pneumologistas e até o governo federal concordam: o sistema de saúde brasileiro interna casos de pneumonia em demasia e, muitas vezes, sem necessidade. Em 2002, cerca de 40% do total de pacientes (794,2 mil de 2 milhões) acabaram internados.
A porcentagem deveria variar, no entanto, de 20% a 25%, de acordo com estatísticas internacionais.
As razões para a "superinternação" divergem. Enquanto os médicos e a SBPT defendem que há uma distorção em consequência das condições socioeconômicas dos pacientes, a Funasa diz que o problema pode resultar de falha no atendimento.
Segundo a primeira versão, os médicos muitas vezes internam pacientes que, a rigor, não precisariam ficar no hospital, mas que, se fossem para casa, não teriam condições financeiras de comprar os remédios e se cuidar.
"O tratamento de uma semana com antibióticos comuns bons custa, no mínimo, R$ 50. Com os de última geração, o valor chega a R$ 120 por caixa do remédio", diz Carlos Alberto de Castro Pereira, presidente da SBPT.
Esse problema seria facilmente minimizado, diz ele, se o SUS incluísse antibióticos mais eficientes em sua cesta de medicamentos. Por mais eficientes, entenda-se remédios de amplo espectro, ou seja, que atacam uma maior variedade de agentes causadores, e que possam ser tomados o mínimo possível de vezes por dia (o que evita falhas no tratamento).
A tese é refutada por Eduardo Hage Carmo, da Funasa. Segundo ele, os remédios fornecidos pelo governo são periodicamente revisados e atualizados.
O desafio, diz ele, é melhorar o primeiro atendimento do paciente, nas unidades básicas de saúde, para que o tratamento comece cedo e evite uma piora no quadro que leve a uma internação.
O diagnóstico da doença é relativamente simples, afirmam os médicos, mas esbarra em obstáculos como a dificuldade de analisar corretamente uma radiografia e a insegurança na hora de receitar o antibiótico certo.
Seja qual for a causa, o custo das internações por pneumonia não é desprezível: R$ 273,5 milhões em 2002, o maior gasto dentre todas as doenças respiratórias.
Elas, entretanto, vêm diminuindo -o que é visto por todos como um bom sinal. Segundo o Ministério da Saúde, entre 1999 e 2002, o total de pessoas internadas caiu 18%, de 969,7 mil para 794,2 mil. Já as mortes estão estáveis. Entre 1997 e 2000 (último dado disponível), as vítimas fatais passaram de 29,9 mil para 29,3 mil (2% menos). (MV)



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