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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Especialistas cobram continuidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o governo federal não quiser cometer os erros de experiências como o Mobral e desperdiçar dinheiro público, precisará oferecer muito mais do que três ou seis meses de alfabetização. Segundo especialistas, assim que é alfabetizado, o adulto precisa continuar estudando por, no mínimo, quatro ou cinco anos para reter e desenvolver o conhecimento.
Esse conceito de educação para a vida toda foi expresso na Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, em Hamburgo (Alemanha), em 1997, considerada um marco na área. O encontro, promovido pela Unesco, estabeleceu como a década da alfabetização os anos entre 2003 e 2012.
"Todos os estudos sobre todas as campanhas de alfabetização desde a década de 60 mostram que, se a atividade não estiver colada num processo educativo mais prolongado ou em oportunidades de mudança social e econômica, ela não leva a muita coisa", afirma Vera Masagão, da ONG Ação Educativa.
Para ela, os Estados e os municípios que entrarem no programa de alfabetização precisam se preparar para absorver a demanda por continuidade. Ela diz que, apesar de o governo sinalizar, não há "ações concretas que apontem para essa continuidade."
Eliane Ribeiro Andrade, da Unesco e dos Fóruns de Educação também diz que é preciso ir além. "Como pontapé inicial, [o programa de alfabetização" é bárbaro, mas a gente espera mais, que o ministro aloque recursos para dar continuidade aos estudos. De onde virá esse dinheiro?"
As entidades de educação reivindicam o uso de verbas do Fundef (Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental), o que é vetado pela lei hoje. O MEC promete mudar a lei. O secretário de Erradicação do Analfabetismo, João Luiz Homem de Carvalho, diz que "não há intenção mais explícita do MEC. Queremos derrubar esse veto", afirma.


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