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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Atraso tira impacto inicial de programa

DA REPORTAGEM LOCAL

As limitações do programa de combate ao analfabetismo esvaziaram o impacto que estava planejado no começo do governo.
A idéia era chegar neste mês com 100 mil pessoas alfabetizadas em dez Estados (10 mil em cada um). Mas, no máximo, serão atendidos 30 mil analfabetos até maio -30% do esperado e ainda com um mês de atraso.
A proposta era usar o método do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), ONG (organização não-governamental) da ex-deputada federal Esther Grossi, que promete alfabetização em três meses.
Os 100 mil representariam uma cifra de valor simbólico importante e demonstrariam, na avaliação de seus defensores, que a meta de alfabetizar 20 milhões em quatro anos seria factível.
Os municípios que começaram os projetos o fizeram por conta própria. Não houve participação do ministério no início.
"O plano dos 100 mil foi solicitado pela equipe de governo como uma das medidas de impacto da transição. Mas depois o ministério decidiu não fazer isso", declara Esther Grossi.
"Para que se chegasse aos 10 mil em cada Estado, tinha de haver uma iniciativa do ministério", afirma a ex-deputada.
Os Estados que previam alfabetizar 10 mil pessoas até este mês eram Acre, Bahia, Ceará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

Esforço próprio
O único Estado que deve conseguir atingir os 10 mil é o Ceará. No município de Quixadá (CE), que tem 69 mil habitantes e 30% de analfabetos, foram implantadas 74 turmas de alfabetização, com 20 alunos por classe.
De acordo com a secretária da Educação do município, Edi Leal, o trabalho foi iniciado antes que o MEC (Ministério da Educação) anunciasse qualquer liberação de verba. "Os professores não estão recebendo. Estamos com um mês de aula."
Ela diz que ficou mais "segura" depois da visita do ministro Cristovam Buarque ao Ceará há duas semanas.
"É uma ação muito voluntária. A gente estava precisando que o governo também assumisse uma posição, principalmente a financeira. Nós somos parceiros executando essa ação de alfabetizar todos, mas precisamos da parceria do governo federal e do estadual também. Seria a motivação", diz a secretária.
Em Canindé, também no Estado do Ceará, o secretário municipal da Educação, Celso Crisóstomo, afirma que a "falta de recursos tem retardado o engajamento de outros Estados."
A cidade também resolveu apostar no programa, independentemente do MEC. Com 70 mil habitantes e 36% de analfabetos, Canindé abriu 50 salas de alfabetização com 20 alunos cada.


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