São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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"Bocas" movimentam R$ 50 mi/mês

DA SUCURSAL DO RIO

As "bocas" de cocaína e maconha da Rocinha são as mais rendosas do Rio. Movimentam por mês algo em torno de R$ 50 milhões, segundo a Polícia Civil.
A rentabilidade explica a paz em que a favela viveu nos últimos anos. O principal entreposto de drogas do Rio sempre foi controlado pela facção criminosa CV (Comando Vermelho), que conseguia manter a polícia afastada da favela.
Com a fuga do antigo chefão Dudu (Eduíno Eustáquio de Araújo) da prisão, em janeiro, a situação mudou.
Dudu é um dos mais poderosos dirigentes do CV. Quis reaver as "bocas" da Rocinha. Lulu (Luciano Barbosa da Silva), o atual chefe, não o aceitou de volta.
A guerra ora em curso começou na negativa de Lulu em receber Dudu de braços abertos. Escorraçado, Dudu se queixou à cúpula da facção. Afinal, reza uma espécie de lei do Comando Vermelho, antigos chefes, quando deixam a prisão, devem ser bem recebidos pelos comparsas de antes.
Os dirigentes da facção deram ao traficante apoio moral, abrigando-o, e técnico, fornecendo "soldados" para invadir e dominar o seu antigo território.
A invasão de sexta-feira já vinha sendo esboçada há dois meses. Na prática, é uma guerra do CV contra o próprio CV, já que Lulu, pelo menos oficialmente, permanece integrado à facção.
O caso da Rocinha é diferente, por exemplo, do que costuma ocorrer no complexo de São Carlos (Catumbi, zona norte).
Ali, traficantes dos vizinhos morros da Mineira e de São Carlos se enfrentam há anos.
O morro da Mineira é controlado pelo Comando Vermelho. São Carlos, pelos inimigos do TC (Terceiro Comando). No meio deles, fica o Zinco, que uma hora está com o CV, outra, com o TC. (SERGIO TORRES)


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