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"Bocas" movimentam R$ 50 mi/mês
DA SUCURSAL DO RIO
As "bocas" de cocaína e maconha da Rocinha são as mais rendosas do Rio. Movimentam por
mês algo em torno de R$ 50 milhões, segundo a Polícia Civil.
A rentabilidade explica a paz em
que a favela viveu nos últimos
anos. O principal entreposto de
drogas do Rio sempre foi controlado pela facção criminosa CV
(Comando Vermelho), que conseguia manter a polícia afastada
da favela.
Com a fuga do antigo chefão
Dudu (Eduíno Eustáquio de
Araújo) da prisão, em janeiro, a
situação mudou.
Dudu é um dos mais poderosos
dirigentes do CV. Quis reaver as
"bocas" da Rocinha. Lulu (Luciano Barbosa da Silva), o atual chefe, não o aceitou de volta.
A guerra ora em curso começou
na negativa de Lulu em receber
Dudu de braços abertos. Escorraçado, Dudu se queixou à cúpula
da facção. Afinal, reza uma espécie de lei do Comando Vermelho,
antigos chefes, quando deixam a
prisão, devem ser bem recebidos
pelos comparsas de antes.
Os dirigentes da facção deram
ao traficante apoio moral, abrigando-o, e técnico, fornecendo
"soldados" para invadir e dominar o seu antigo território.
A invasão de sexta-feira já vinha
sendo esboçada há dois meses. Na
prática, é uma guerra do CV contra o próprio CV, já que Lulu, pelo
menos oficialmente, permanece
integrado à facção.
O caso da Rocinha é diferente,
por exemplo, do que costuma
ocorrer no complexo de São Carlos (Catumbi, zona norte).
Ali, traficantes dos vizinhos
morros da Mineira e de São Carlos se enfrentam há anos.
O morro da Mineira é controlado pelo Comando Vermelho. São
Carlos, pelos inimigos do TC
(Terceiro Comando). No meio
deles, fica o Zinco, que uma hora
está com o CV, outra, com o TC.
(SERGIO TORRES)
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