São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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Conde se diz arrependido de propor muro

DA SUCURSAL DO RIO

Após ser criticado por todos os lados, o vice-governador, secretário estadual de Meio Ambiente e candidato do PMDB à Prefeitura do Rio, Luiz Paulo Conde, disse ontem estar "arrependido" de ter proposto a construção de um muro em torno da Rocinha, mas que não desistiu de fazer a demarcação dos limites da favela.
A proposta foi o estopim para um bate-boca entre o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), e o governo estadual. Maia, que é candidato à reeleição, disse que o governo estadual queria criar o "parque temático da cocaína" na Rocinha.
Anteontem, segundo o jornal "O Globo", Conde havia proposto erguer um muro de 3 m de altura para impedir a expansão da favela e o acesso de bandidos à mata vizinha -área de proteção ambiental que pertence ao Parque Nacional da Tijuca.
"O muro não faz mais parte do meu vocabulário. Estou arrependido de ter usado essa palavra, desgastada simbolicamente. Minha intenção é ajudar a Rocinha, mas, se todo mundo acha que o muro é ruim, pronto, esquece, pode ser uma cerca de raio laser."
De manhã, ao criticá-lo, Maia foi incisivo: "Será uma espécie de parque temático da cocaína, o "cocaine world". Só faltam roletas eletrônicas, as 50 bocas-de-fumo podem ser estações com diferentes graus de pureza de cocaína, com droga química, com maconha de diversas intensidades e até um serviço delivery pode ser oferecido. Isso é uma piada".
O prefeito, que já cercou 40 favelas com cabo de aço para impedir a expansão sobre áreas verdes, defendeu a decretação do estado de defesa no Rio, com a União comandando a Polícia Militar. Maia disse ainda que Anthony Garotinho não tem capacidade para ser secretário de Segurança e acusou ele, Conde e a governadora Rosinha Matheus (PMDB), de formarem um "conjunto de autismo".
Nota do governo estadual classificou as declarações do prefeito como "estapafúrdias" e "irresponsáveis". Diz a nota que desde a primeira gestão Maia (1993-96) até hoje a área da Rocinha expandiu-se em "quase 20% sem controle da municipalidade". "O assunto segurança pública é sério e não deve ser tratado de forma oportunista", conclui a nota.


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