São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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EDUCAÇÃO

Em clima tenso, categoria aprovou o fim da paralisação, que durou 16 dias, mesmo sem obter reajuste salarial

Professores decidem voltar hoje ao trabalho

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Professores e funcionários da rede municipal de São Paulo decidiram ontem acabar com a greve, que durou 16 dias -a maior desde 1987. A categoria volta ao trabalho hoje com a promessa do pagamento dos dias parados, mas sem perspectiva de reajuste.
O fim da greve não foi unânime. Os 5.000 manifestantes, segundo a Polícia Militar, reunidos no centro de São Paulo votaram três vezes até que se ficasse claro qual era a proposta vencedora (manutenção ou fim da paralisação). A assembléia acabou em clima tenso.
O presidente do Sinpeem, Claudio Fonseca, defendeu a volta ao trabalho. Segundo ele, a paralisação tendia a perder força devido ao longo período de duração e à ameaça da gestão do prefeito Gilberto Kassab (PFL) de descontar os dias parados dos grevistas.
Na proposta apresentada ontem, a Secretaria de Gestão condicionou o pagamento do período não-trabalhado ao fim imediato da greve e à reposição das aulas.
"Corríamos o risco de o movimento enfraquecer e ainda ficarmos sem receber. Seria uma derrota total", disse Fonseca.
Agora, o reajuste salarial será debatido apenas nas reuniões mensais que ocorrem entre a prefeitura e os representantes dos funcionários públicos.
Parte dos manifestantes se revoltou com a posição de Fonseca e chamou-o, em coro, de "pelego". Um copo de água acertou o sindicalista no ombro.
"Não ganhamos nada. Tínhamos de manter a greve", disse Iracema de Jesus Lima, ex-presidente do Sinpeem e professora da escola Marcílio Dias. "Não viemos negociar os dias parados. Viemos por reajuste", disse um docente que não quis se identificar.
"Um movimento assim nunca é unânime, manifestações como essas são normais", disse Fonseca.
O movimento reivindicava um piso salarial de R$ 960. Hoje, é de R$ 509. Em termos financeiros, a prefeitura ontem apenas aumentou de R$ 350 para R$ 400 o valor da antecipação da gratificação por desenvolvimento educacional. Além disso, o pagamento foi antecipado de julho para junho.
O programa São Paulo É uma Escola, que prevê atividades antes e depois das aulas, também será reavaliado. Segundo os professores, o projeto, implantando pelo ex-prefeito José Serra (PSDB), desestruturou iniciativas como as salas de leitura e de informática.
A Secretaria de Gestão propôs ainda a possibilidade de antecipação do pagamento do 13º; prorrogação do prazo vigente dos concursos já feitos, que venceriam em maio; e busca de alternativas para reduzir as atividades administrativas e de logística das escolas.
"Agimos para melhorar as condições de trabalho dos profissionais", afirmou o secretário de Gestão, Januário Montone. "[O reajuste salarial] não estava posto. Sempre mostramos as dificuldades financeiras da prefeitura."
Para Montone, a greve foi "longa e desgastante. Mesmo com adesão parcial, congestiona o dia-a-dia das unidades". A prefeitura afirma que 10% das escolas pararam e em outras 10% a paralisação foi menos intensa. Já o Sinpeem diz que a adesão foi de 75%.
A Secretaria Municipal da Educação afirmou que as aulas serão repostas, mas não definiu como.


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