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EDUCAÇÃO
Em clima tenso, categoria aprovou o fim da paralisação, que durou 16 dias, mesmo sem obter reajuste salarial
Professores decidem voltar hoje ao trabalho
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Professores e funcionários da
rede municipal de São Paulo decidiram ontem acabar com a greve,
que durou 16 dias -a maior desde 1987. A categoria volta ao trabalho hoje com a promessa do pagamento dos dias parados, mas
sem perspectiva de reajuste.
O fim da greve não foi unânime.
Os 5.000 manifestantes, segundo
a Polícia Militar, reunidos no centro de São Paulo votaram três vezes até que se ficasse claro qual era
a proposta vencedora (manutenção ou fim da paralisação). A assembléia acabou em clima tenso.
O presidente do Sinpeem, Claudio Fonseca, defendeu a volta ao
trabalho. Segundo ele, a paralisação tendia a perder força devido
ao longo período de duração e à
ameaça da gestão do prefeito Gilberto Kassab (PFL) de descontar
os dias parados dos grevistas.
Na proposta apresentada ontem, a Secretaria de Gestão condicionou o pagamento do período
não-trabalhado ao fim imediato
da greve e à reposição das aulas.
"Corríamos o risco de o movimento enfraquecer e ainda ficarmos sem receber. Seria uma derrota total", disse Fonseca.
Agora, o reajuste salarial será
debatido apenas nas reuniões
mensais que ocorrem entre a prefeitura e os representantes dos
funcionários públicos.
Parte dos manifestantes se revoltou com a posição de Fonseca
e chamou-o, em coro, de "pelego". Um copo de água acertou o
sindicalista no ombro.
"Não ganhamos nada. Tínhamos de manter a greve", disse Iracema de Jesus Lima, ex-presidente do Sinpeem e professora da escola Marcílio Dias. "Não viemos
negociar os dias parados. Viemos
por reajuste", disse um docente
que não quis se identificar.
"Um movimento assim nunca é
unânime, manifestações como essas são normais", disse Fonseca.
O movimento reivindicava um
piso salarial de R$ 960. Hoje, é de
R$ 509. Em termos financeiros, a
prefeitura ontem apenas aumentou de R$ 350 para R$ 400 o valor
da antecipação da gratificação por
desenvolvimento educacional.
Além disso, o pagamento foi antecipado de julho para junho.
O programa São Paulo É uma
Escola, que prevê atividades antes
e depois das aulas, também será
reavaliado. Segundo os professores, o projeto, implantando pelo
ex-prefeito José Serra (PSDB), desestruturou iniciativas como as
salas de leitura e de informática.
A Secretaria de Gestão propôs
ainda a possibilidade de antecipação do pagamento do 13º; prorrogação do prazo vigente dos concursos já feitos, que venceriam em
maio; e busca de alternativas para
reduzir as atividades administrativas e de logística das escolas.
"Agimos para melhorar as condições de trabalho dos profissionais", afirmou o secretário de
Gestão, Januário Montone. "[O
reajuste salarial] não estava posto.
Sempre mostramos as dificuldades financeiras da prefeitura."
Para Montone, a greve foi "longa e desgastante. Mesmo com
adesão parcial, congestiona o dia-a-dia das unidades". A prefeitura
afirma que 10% das escolas pararam e em outras 10% a paralisação foi menos intensa. Já o Sinpeem diz que a adesão foi de 75%.
A Secretaria Municipal da Educação afirmou que as aulas serão
repostas, mas não definiu como.
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